BC e Powell sustentam segunda queda seguida do dólar

28 de novembro de 2018

Moeda norte-americana fechou a R$ 3,84, recuo de 0,93%

O dólar terminou hoje (28) novamente em queda, pela segunda sessão consecutiva, sustentada pela nova atuação do Banco Central no mercado cambial e pelo discurso do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, com indícios de que o ciclo de alta dos juros nos Estados Unidos pode ser mais suave.

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A moeda norte-americana recuou 0,93%, a R$ 3,8408 na venda, depois de tocar a mínima de R$ 3,8319. Nestes dois pregões de baixa, ficou 1,96% mais barata. O dólar futuro caía cerca de 0,90%.

“O mercado interpretou o discurso de Powell como dovish. Ele deu indicação de que o Fed pode maneirar no aumento dos juros”, resumiu o gestor da Elite Corretora Hersz Ferman.

O mercado espera mais cinco altas de juros até o início de 2020, sendo uma em dezembro, três no ano que vem e a derradeira no começo de 2020.

Mas essa trajetória pode mudar, sobretudo se as previsões de desaceleração econômica global se confirmarem em meio à guerra comercial travada entre os Estados Unidos e outros parceiros, sobretudo a China.

Após o discurso do chefe do banco central dos EUA, os rendimentos dos Treasuries de dois anos US2YT=RR, que também refletem expectativas de altas de juros dos operadores, caíram e títulos de mais longo prazo também sugeriram expectativas menores de aperto monetário adicional nos EUA depois de dezembro.

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Depois de Powell, os investidores vão acompanhar a divulgação da ata do Federal Reserve, amanhã (29), para reforçar ou não essa visão de suavidade na trajetória de política monetária.

Vale destacar, no entanto, que o documento refere-se ao encontro de 7-8 de novembro, ou seja, pode ser relativizado quando vier a público, tendo em vista o discurso desta quarta-feira de Powell e a alta volatilidade dos mercados nas últimas semanas.

No exterior, o dólar firmou queda ante a cesta de moedas após a fala do chair do Fed e também recuava ante as divisas de países emergentes, como o peso mexicano, em uma trajetória que era influenciada até então pela perspectiva de que o encontro entre Donald Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, no G20, no final de semana, pode terminar com um acordo comercial entre as partes.

Internamente, também influenciou no recuo do dólar ante o real já desde o começo da sessão a nova atuação do Banco Central no mercado de câmbio, com a segunda oferta de linha nesta semana – venda de dólares com compromisso de recompra.

Na sessão de hoje, a autoridade monetária vendeu US$ 1 bilhão, o dobro do comercializado na véspera, em uma estratégia para dar liquidez ao mercado no final do ano, período em que tradicionalmente mais recursos são remetidos pelas empresas ao exterior.

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“Leilão de linha e exterior estão garantindo a queda do dólar, mas acho que o leilão aqui pesa mais. O BC está dando liquidez para o mercado nessa época de saída. A tendência é o dólar dar uma estabilizada ao redor de R$ 3,70 até o final do ano”, disse mais cedo o gerente de câmbio da corretora Ourominas, Mauriciano Cavalcanti. “Se o dólar voltar para um patamar mais ‘normal’, o BC pode interromper esses leilões. Caso contrário, pode vir a fazer até diariamente.”

O BC vendeu nesta sessão 13,6 mil contratos de swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares. Desta forma, rolou US$ 11,560 bilhões do total de US$ 12,217 bilhões que vence em dezembro. Se repetir essa oferta amanhã, terá feito a rolagem integral.