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Nessa corrida, o setor bancário saiu na frente – e ainda tem muito combustível para queimar, como prova o surgimento acelerado de startups e fintechs voltadas ao público insatisfeito com os serviços baseados no modelo tradicional. “Quase todo mundo tem um smartphone, mas menos da metade da população brasileira tem uma conta corrente. Há também correntistas que são mal atendidos”, afirma Alexandre de Souza Pinto, diretor de inovação e novos negócios da Matera, empresa especializada em serviços de tecnologia financeira. “É preciso levar em conta a marca e a credibilidade dos grandes bancos. Mas se uma nova empresa consegue mostrar valor em praticidade, qualidade e economia, o brasileiro vira a chave”, afirma.
Dessa forma, novas empresas optam por investir mais em tecnologia do que em infraestrutura. “O potencial de machine learning e inteligência artificial vai aumentar ainda mais essa eficiência”, diz Velez. Para checagem da validade de transações maiores, por exemplo, o app do Nubank dispõe de reconhecimento facial, que identifica se quem está ali é o cliente ou um fraudador. “Você não tem de ligar para um call center ou esperar a aprovação de crédito.”
O diretor de inovação da Matera aponta outro fator importante: os grandes bancos também foram para o digital, e, ao contrário do que se poderia pensar, as margens aumentaram, já que menos pessoas usam agência. Segundo ele, nesse caso o ganho de custo ficou para os bancos e não para o consumidor. “Aí que está: quando entra um player novo, que já tem sua base digital, abre-se o mercado, gera-se concorrência e novas possibilidades”, ressalta.
Os gigantes do setor sentiram o golpe e reagiram. “Esse movimento foi iniciado por uma transformação comportamental do cliente, e o Santander embarcou nessa jornada”, afirma Alexandre Zancani, diretor de negócios digitais do banco espanhol no Brasil. “Reestruturamos nosso modelo organizacional, o que deu velocidade nas entregas e solução de problemas e demandas.”
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O diretor de negócios digitais do Santander observa o fenômeno na prática. “Entendemos essa mudança como uma oportunidade de nos reinventarmos. Tanto que passamos a enxergar a relação com as fintechs e startups como uma oportunidade de fazer novos negócios, agregando a velocidade delas à expertise do banco”, afirma.
O BTG Pactual, que tem uma plataforma 100% digital de investimentos, também percebeu que tem de ir além de digitalizar os serviços financeiros de forma vertical. Para isso, criou, em 2017, o boostLAB, seu programa de potencialização de startups que tem como objetivo estimular novas propostas e serviços mais conectados. “Estamos cada vez mais próximos das iniciativas digitais. Não basta ter uma boa equipe de TI, é importante estar neste mundo [de startups], saber quem são os players e nos anteciparmos”, afirma Renato Mazzola, head de private equity do BTG Pactual. A iniciativa funciona, basicamente, como uma troca de experiências: o banco traz expertise, visibilidade e uma possibilidade de investimentos, enquanto as startups mostram um pouco do que têm produzido
sem criarem um vínculo formal. “Isso tem sido muito importante para nós. O que estamos vendo hoje são os disruptores do futuro.”
Os especialistas ouvidos pela FORBES enfatizam a urgência dessas parcerias com startups. “O banco é um urso com diversas abelhas atacando. Não podemos deixar de prestar atenção nas startups porque elas focam em falhas que inevitavelmente existem”, afirma Pompeu. “É fundamental que tenhamos uma oferta cada vez mais completa de serviços e produtos nos canais digitais, mas também precisamos entender e contextualizar cada oferta”, afirma Zancani. “O consumidor vai se acostumar com produtos melhores e mais eficientes. Começa pelo público jovem, mas a tendência é atingir outros segmentos da sociedade”, conclui Velez.
A mudança digital nos meios de pagamentos também impactou o consumo. Grandes players do setor energético têm investido alto em soluções tecnológicas que diminuam os custos de operação para tentar oferecer energia mais barata e limpa para o consumidor. Além dos investimentos da Eletropaulo – da ordem de R$ 4 bilhões – em tecnologias já mencionadas nesta reportagem, a portuguesa EDP, que opera em São Paulo e no Espírito Santo, também está nessa corrida – e aporta R$ 25 milhões por ano em tecnologia e inovação. “Criamos novos produtos e serviços alinhados às tendências de empoderamento do cliente, como descarbonização, uso de energia a partir de fontes renováveis e a digitalização, tanto de processos quanto de novos serviços digitais que melhorem a experiência do cliente”, afirma Lívia Brando, gestora de inovação da EDP Brasil.
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NOVIDADES ATÉ NA SALA DE AULA
Se hoje crianças e adolescentes passam o dia conectados em seus smartphones e têm o costume de escrever mais em um teclado do que à mão, por que as escolas não se adequariam? “Os mais novos, por exemplo, são nativos digitais. É importante pensar na utilização das tecnologias respeitando as fases de aprendizagem de cada indivíduo, dando subsídio necessário nessa fase de transição”, afirma Ágata Soares, assessora de tecnologia educacional e inovação da rede de colégios Positivo.
Como exemplo prático, diferentemente das crianças que passaram pela escola até o início dos anos 2000, hoje a tecnologia não é uma das pautas do ensino, ela é um componente essencial na formação escolar. “Buscamos projetos que envolvam o desenvolvimento do pensamento computacional, a criação e utilização de aplicativos, além de uma série de atividades que envolvam a utilização de chromebooks e que não deixem de lado a interação entre colegas, professores e família”, explica ela.
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