LEIA MAIS: Amazon está pronta para avançar em vendas diretas
“Lançamos com 320 mil produtos diferentes em inventário, dos quais 200 mil livros… Nossa obsessão é sempre aumentar esse catálogo e ter tudo aquilo que o brasileiro procura e quer comprar na internet”, diz o presidente da Amazon no Brasil, Alex Szapiro. Ainda segundo o executivo, embora o momento coincida com o início de um novo governo, a decisão nada tem a ver com política ou macroeconomia. “Temos sido otimistas no Brasil há anos… Eram outros governos quando tomamos decisões lá atrás, então para nós não influencia em nada.”
A companhia não informa o tamanho da base de vendedores do marketplace, que ganhará quatro novas verticais a partir de hoje: bebês, brinquedos, beleza e cuidado pessoal. Essas e outras oito estarão disponíveis na plataforma de venda direta, amplamente conhecida como 1P dentro o jargão de varejo.
Exceto livros, cuja distribuição seguirá sob os cuidados da operadora logística Luft em Barueri (SP), os demais itens para venda direta serão despachados a partir do galpão logístico em Cajamar, segundo ele. Com 47 mil metros quadrados, o equivalente a 10 campos de futebol, a instalação é fruto de uma parceria com a também norte-americana Prologis.
“Temos mais de 800 fornecedores/marcas distintos para venda direta”, acrescentou Szapiro, sem entrar em detalhes sobre as negociações.
O executivo também não revelou o investimento nem o número de pessoas contratadas para o lançamento da plataforma 1P, mas disse que a Amazon emprega mais de 1.400 pessoas direta e indiretamente somadas todas as operações no Brasil.
Em relatório divulgado na segunda-feira, os analistas do BTG Pactual Fabio Monteiro e Luiz Guanais destacaram que o foco maior da Amazon no segmento de venda direta significa que a empresa está pronta para fortalecer os investimentos, potencialmente via parcerias com operadores e transportadoras que atuam no regime conhecido como “última milha”, em que produtos comprados pela internet são entregues em poucas horas.
Eles ponderaram, contudo, que a companhia deverá adotar uma “abordagem gradual”, dada a concorrência acirrada de varejistas já bem estabelecidas no mercado brasileiro. “Esse cenário deve impedir a Amazon de crescer rápido no Brasil. Em nosso estudo, ela compete por uma participação de mercado de duplo dígito baixo”, escreveram.
Os esforços da Amazon para iniciar a venda direta no Brasil vinham esbarrando em um complexo sistema tributário, logística complicada e relações árduas com fornecedores. Na ocasião, fontes citaram a pouca flexibilidade por parte da gigante varejista como um dos principais entraves. “Como toda boa negociação, você se senta e quer ter as melhores condições para oferecer ao cliente… Nunca tem uma em que não haja discussão sobre os termos”, comentou o executivo no final do ano passado, ao ser questionado sobre o tom das conversas.