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A caçula, Shideh, que estudou no Fashion Institute of Design e Merchandising (FIDM), em Los Angeles, hoje é a presidente da empresa. “Sempre soube que queria ter meu próprio negócio na indústria da moda. Shirin e eu começamos a comprar online bem cedo, e ficamos viciadas. A ideia de não ter que sair de casa, poder comprar de uma seleção online interminável e receber a mercadoria na sua porta é surreal. Decidimos que a melhor maneira de fazer compras online seria por meio do nosso próprio site e, em algumas semanas, resolvemos empreender. Eu me lembrava do FIDM, de como passava as aulas pensando em fazer algo diferente. Todos os meus colegas queriam ser “designers de alta costura”, mas eu sempre soube que queria fazer outra coisa. Algo que fosse acessível para as massas. E desde o lançamento da marca, essa tem sido a nossa missão.”
Quando perguntada sobre o tempo consumido entre a criação e o lançamento da marca, Shideh diz: “Uma vez que decidimos que queríamos começar esse negócio, foram necessários cerca de três meses para o lançamento oficial. O mais demorado foi o desenvolvimento do nosso site, pois queríamos garantir que fosse amigável para nossos clientes”. Shirin acrescenta: “Como eu tinha experiência em desenvolvimento web e uma propensão para lidar com a internet, o site ficou pronto logo. Em 24 de outubro de 2012, a Naked Wardrobe foi ao ar. Começamos a focar nossa presença nas mídias sociais no início, crescendo aos poucos.”
Uma das muitas características da marca é que ela não só faz roupas que oferecem algo especial para cada mulher, mas também abrange consumidoras de todas as formas, tamanhos e cores em suas campanhas de marketing. A irmã do meio, Shida, que tem experiência em comunicação e agora é vice-presidente da empresa, acrescenta: “Desde o começo nos identificamos como uma marca diferenciada, por isso nosso casting de modelos tem que apresentar mulheres reais, com curvas. Antes de lançarmos o site, percebi que as marcas só usavam mulheres magras e altas em suas plataformas. Nós sabíamos que estávamos indo contra a indústria fashion já estabelecida, mas com o crescimento, começamos a receber e-mails de
clientes agradecendo por mostrarmos modelos mais próximos de suas realidades.”
“Nós temos uma cultura do Oriente Médio e amamos a nossa comida… Temos curvas e dobrinhas naturalmente. Nossa marca sempre vai trazer modelos com corpos normais, quebrando barreiras e mostrando a beleza da mulher real”, diz Shideh.
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Shida acrescenta: “Também houve casos, no passado, em que os assistentes de celebridades usaram roupas da Naked Wardrobe que chamaram atenção das próprias. Apenas deixamos nossas roupas falarem por si mesmas”.
Em 2012, quando a marca foi lançada, ainda não havia a febre de influenciadores digitais. Mas, em questão de poucos anos, isso mudou. Shideh conta que as consumidoras ficaram apaixonadas pelas influenciadoras, vestindo roupas semelhantes, postando fotos parecidas e acompanhando seus estilos de vida. “Como resultado, as marcas começaram a investir nessas influenciadoras e no poder que elas em determinadas indústrias. Para nós, sempre foi um objetivo ter uma linha de produtos como a principal força motriz por trás da marca. Eu vou dizer que, em comparação com nossos concorrentes, as influenciadoras não são a força motriz principal para nossos negócios, já que não pagamos por posts ou promoções. No entanto, a maioria dos nossos seguidores são influenciadores que se deparam com a nossa marca ou ouviram sobre nós por intermédio de outra pessoa. Nós apreciamos quando eles compartilham com seus seguidores o amor que têm por nossa marca e produtos.” Shida complementa: “Os influenciadores que usam nossa marca e postam sobre ela amam nossos produtos, isso faz com que a empresa cresça e tenha seu próprio critério.”
Shirin continua: “Como uma das primeiras empresas a utilizar a plataforma para negócios, acabamos nos destacando e, logo, outras marcas começaram a competir conosco. O desafio é ficar à frente de seus concorrentes e ter que, constantemente, reinventar a nossa visão. Há uma alta saturação de negócios online tentando competir pelo consumidor, e você precisa se destacar se quiser uma chance”.
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Apesar de as meninas ainda serem as únicas proprietárias da Naked Wardrobe, há uma certa curiosidade do mercado sobre o interesse dos investidores. “Tivemos ofertas, mas nunca quisemos abandonar a marca ou fazer com que ela fosse parar nas mãos de homens de negócios ou mulheres que estão ali apenas pelo dinheiro”, conta Shirin. “Não tivemos a necessidade de trazer investidores. Eu acredito que uma vez que nós crescemos, o negócio cresce junto, então por enquanto não precisamos considerar trazer investidores externos para o negócio. Nós sempre continuaremos a ser uma marca de comércio eletrônico, mas tivemos discussões com grandes lojas varejistas e planejamos ter pop-ups em todo o país em 2019”, completa Shideh.
Sobre trabalhar com as irmãs, Luciana afirma: “No geral, nossa dinâmica é ótima. Quando precisamos de ajuda, nos apoiamos uma nas outras. Nós criamos isso juntas, ainda na casa dos nossos pais. Somos sortudas. Nossos pais estão orgulhosos.”