Como acabar com o gap de gênero na tecnologia

8 de fevereiro de 2019

Lori Wright, gerente geral da Microsoft Teams e Skype

A desigualdade de gênero, de raça e de etnia no segmento da tecnologia impacta não só a cultura, como também os lucros das empresas. Em 2017, a McKinsey descobriu que as 25 melhores empresas em diversidade de gênero nas equipes executivas possuíam 21% mais probabilidade de obter lucros acima da média.

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Contudo, apenas 26% das mulheres que possuem formação nas áreas de ciências, tecnologia, engenharia ou matemática acabam trabalhando no mercado após a graduação, diferente dos homens, que representam 40%, segundo reportagem da revista norte-americana “Wiired”. As mulheres contratadas para trabalhar na área também acabam saindo dela mais cedo do que os homens. Com isso, foi descoberto que apenas 53% das mulheres do ramo tecnológico acreditam ter o mesmo acesso a cargos de liderança que os homens, e 46% dizem receber menos que seus pares do sexo masculino.

Conversei com Lori Wright, gerente geral da Microsoft Teams e Skype, a fim de conhecer sua carreira e obter alguns conselhos sobre a questão de gênero no mundo da tecnologia. Leia, a seguir, os melhores momentos a entrevista:

FORBES: Como a sua carreira na Microsoft se consolidou?

Lori Wright: Entrei na Microsoft depois de 20 anos trabalhando na indústria da tecnologia. Durante essas duas décadas, tive vários cargos, abrangendo praticamente todas as áreas, do marketing a vendas. Comecei na Microsoft depois de ter sido diretora de marketing de uma startup em crescimento.

FORBES: Quais são suas responsabilidades como gerente geral da Microsoft?

LW: Sou responsável pelo lado comercial dos aplicativos de colaboração do Office 365. Isso inclui produtos muito famosos, como o Outlook e o SharePoint, e algumas tecnologias mais recentes, como o Microsoft Teams and Stream. Além disso, a minha função também exige que eu lidere as equipes de marketing dos produtos.

FORBES: Como você acha que podemos incentivar mais mulheres a trabalhar com tecnologia e obter cargos mais altos?

LW: Acredito que as mulheres só vão trabalhar e permanecer na área de tecnologia quando se sentirem bem-vindas e tiverem mais voz. Elas precisam enxergar a tecnologia como um lugar de pertencimento. E a tecnologia precisa trabalhar duro para ajudar as mulheres a fazer parte do mercado, caso contrário, as empresas começarão a oferecer produtos que representam apenas metade da população, a masculina.

Meu conselho para que as mulheres cheguem aos cargos de liderança é encontrar um defensor ferrenho dentro da empresa, assim como um fora dela. Estes podem ser trabalhos exigentes, que fazem com que a mulher precise de uma “defesa extra” para que prospere. Ter pessoas que a defendam internamente e a coloquem para cima nos dias ruis é muito importante.

FORBES: Quais são as características mais importantes para obter sucesso em sua função?

LW: A empatia para com o cliente e o trabalho em equipe são as duas primeiras coisas que me vêm à mente. Empatia porque você deve ser capaz de entender as necessidades e desejos de seus clientes, a fim de fornecer os produtos certos e garantir a satisfação.

Trabalho em equipe já que a companhia para a qual atuo é gigante. Para que eu seja bem-sucedida no meu papel é preciso trabalhar com milhares de pessoas, de maneira que possa cumprir minhas principais responsabilidades. Mas, trabalhando bem, ganho elogios de milhares de pessoas que querem obter os mesmos objetivos que eu.

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FORBES: Como foi e qual é a maior lição que você aprendeu no trabalho?

LW: Resiliência. No começo da carreira, eu ficava brava quando alguém não concordava com uma ideia minha, ou se as coisas não saíssem sempre do meu jeito. Depois de um tempo, aprendi que o negócio, às vezes, pode ser confuso, e que é importante ficar confortável com a bagunça na qual as coisas acontecem. Nem tudo ocorre da forma que esperamos, e as pessoas nem sempre concordam conosco. O que importa é a maneira como você lida com os contratempos. No meu caso, o sono e as perspectivas ajudaram bastante.

FORBES: O que você queria de ter conhecimento no começo da sua carreira?

LW: Eu gostaria de ter conhecido meu valor e de ter tido mais confiança em mim mesma. Tenho a sorte de ter pessoas que reconhecem o meu valor mesmo quando estou para baixo. Elas me dão uma força quando me encontro fora da minha zona de conforto. É por isso que encorajo as pessoas a encontrarem a “líder de torcida” de seus respectivos trabalhos, alguém que consiga apoiar e ajude nos momentos mais inesperados.

FORBES: Qual é o melhor conselho que você já recebeu?

LW: Seja você mesmo, sempre – isso significa saber o que é importante para você e aprender a priorizar essas coisas.

FORBES: Poderia dar um conselho para outras jovens profissionais?

LW: Sonhe alto. Gaste seu tempo com sabedoria. Conheça o máximo de pessoas possível: uma rede forte pode abrir portas que você nem sabe que existem. Construa uma vida que você ama e seja uma pessoa de quem se orgulha, mas não se esqueça de ajudar os demais durante a sua jornada.