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Com todas as suas falhas e problemas, o capitalismo gerou o maior acúmulo de riqueza na história da humanidade. Libertou milhões de pessoas da pobreza extrema.
No entanto, agora, algumas pessoas de esquerda estão novamente adotando ideias socialistas e impostos irracionalmente altos. O que está por trás desse pensamento?
Capitalismo quebrado
Na prática, o capitalismo, de fato, tem falhas que justificam a crítica. É, parafraseando Winston Churchill, o pior de todos os sistemas, com exceção de todo o resto.
Um problema é que o capitalismo de hoje se contraiu em uma extensão que é difícil de ignorar. A concorrência está encolhendo a olhos vistos nos principais mercados. E isso é um problema grave.
A competição incentiva os produtores a se tornarem mais eficientes e a reduzir os preços para os consumidores. Sem ela, você acaba com monopólios saturados. Eles podem ser altamente lucrativos para os proprietários, mas não servem à população.
Meu amigo Jonathan Tepper escreveu um excelente livro sobre isso: “The Myth of Capitalism: Monopolies and the Death of Competition” (“O Mito do Capitalismo: Monopólios e a Morte da Competição, em tradução livre, sem versão para o português). Ele e a coautora Denise Hearn explicam por que este é um problema com sérias consequências para o mundo.
Usarei alguns trechos do livro para essa discussão.
Sem liberdade de escolha
“A ideia de que somos livres para escolher é ótima, no entanto, não é bem assim nos Estados Unidos.
Indústria após indústria, os norte-americanos podem apenas adquirir de monopólios locais ou de oligopólios que colidam tacitamente. Os EUA agora têm muitas indústrias com apenas três ou quatro concorrentes no controle de mercados inteiros. Desde o início dos anos 1980, essa concentração aumentou severamente.
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– Duas corporações controlam 90% das cervejas consumidas na América;
– Cinco bancos controlam metade dos ativos bancários do país;
– Muitos estados têm mercados de seguros de saúde nos quais as duas principais seguradoras detêm uma participação entre 80% e 90%. No Alabama, por exemplo, a Blue Cross Blue Shield é responsável por uma fatia de 84%, enquanto no Havaí detém 65% de participação no setor;
– Quatro companhias dividem entre si e controlam todo o mercado de carne bovina dos EUA;
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– Após duas fusões neste ano, três empresas terão o controle de 70% do mercado mundial de pesticidas e 80% do setor de sementes de milho dos EUA.
A Amazon está esmagando os varejistas e enfrenta conflitos de interesse como vendedor dominante de comércio eletrônico e a principal plataforma online para vendedores terceirizados. Ela determina quais produtos podem ou não ser vendidos em sua plataforma e compete com qualquer cliente que encontre o sucesso.
O iPhone, da Apple, e o Android, do Google, controlam completamente o mercado de aplicativos móveis em um duopólio, além de determinarem quais tipos de negócios podem chegar aos seus consumidores e quais serão os termos. As leis existentes sequer foram redigidas com a ideia de plataformas digitais em mente.
Até agora, essas plataformas parecem ser ditadoras benignas, mas ainda assim são ditadoras.”
Crescimento de pequenas unidades
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Aeronaves comerciais, por exemplo. Há, atualmente, a Boeing, a Airbus e um punhado de players menos expressivos que fabricam aviões menores.
A maioria das indústrias não funciona assim. O setor bancário certamente não. Muitos estudos mostram que a eficiência de um banco para de crescer quando ele ultrapassa US$ 50 bilhões em ativos. No entanto, as grandes instituições financeiras cresceram sem se tornar mais eficientes. Elas fizeram isso ao dizimar bancos regionais que antes financiavam empresas locais em condições favoráveis.
“Desde a época de Thomas Jefferson, os norte-americanos idealizaram o produtor e os pequenos negócios. Embora as lojas de vizinhança familiar sejam uma parte crítica da economia, é importante distinguir entre pequenas empresas e startups de alto crescimento que Haltiwanger descreve.
Pequenas empresas, como restaurantes e lavanderias, criam a maioria dos empregos, mas também os destroem na mesma proporção. Elas fundam a maioria dos novos negócios, mas também têm a maior taxa de falhas – são importantes, mas não impulsionam a produtividade.
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Geoffrey West, em seu livro magistral “Scale” (“Escala”, em tradução livre, sem versão em português), mostrou que as empresas são como organismos vivos. Assim como no mundo animal, muitas startups morrem quando são muito jovens, mas aquelas que sobrevivem e crescem rapidamente tendem a ascender exponencialmente, o que leva a uma maior lucratividade e produtividade.”
Note que este não é um argumento contra grandes empresas. Elas têm um papel importante. Mas a verdadeira inovação e crescimento começa em um nível muito mais baixo da cadeia alimentar. Então, é um problema quando as pequenas empresas perdem a chance de prosperar e se provar.
Eu vou pescar no Maine todo verão com um grupo de economistas. O local tem regras complexas quanto a seus lagos. Diz, inclusive, quais peixes podem ser levados e quais devem ser devolvidos. Contamos com guias profissionais para entender as diferenças, mas a ideia geral é dar aos peixes mais jovens de espécies subpovoadas uma chance de crescer. Isso preserva os lagos como um recurso para todos.