BC reduz juros à nova mínima histórica de 6%

31 de julho de 2019
Ueslei Marcelino / Reuters

Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto; Copom afirma que o corte não afeta suas futuras decisões

O Banco Central reduziu hoje (31) a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual, à nova mínima histórica de 6% ao ano, e indicou que o processo de afrouxamento poderá seguir adiante em meio ao cenário de fraca atividade econômica, inflação bem comportada, ambiente externo benigno e de avanço da reforma da Previdência.

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Este foi o primeiro corte na Selic desde março de 2018, quando a taxa passou de 6,75% para 6,5%. “O Comitê avalia que a consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir ajuste adicional no grau de estímulo”, disse o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC. “O Copom enfatiza que a comunicação dessa avaliação não restringe sua próxima decisão e reitera que os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação”, ponderou.

Em pesquisa Reuters com 27 economistas, a maioria previa uma queda de 0,25 ponto na Selic, enquanto dez apostavam em um corte mais agressivo, de 0,5 ponto, e três viam manutenção dos juros básicos.

A decisão do BC tem como pano de fundo a aprovação da reforma da Previdência em primeiro turno na Câmara dos Deputados, no início de julho. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, chegou a dizer que o avanço “obviamente” melhorava o cenário para a inflação e representava um primeiro passo importante.

Em seu comunicado, o BC reconheceu que o processo de ajustes na economia tem caminhado, mas ressaltou que sua continuidade é essencial para a queda da taxa de juros estrutural e para recuperação sustentável da economia.

Apesar de o balanço de riscos para a inflação -que avalia os fatores que podem levar a inflação a ficar abaixo ou acima da meta neste ano e no próximo- ter evoluído de maneira favorável, o risco desfavorável para a inflação ligado à eventual frustração sobre as reformas “ainda é preponderante”, disse o BC.

Já em relação ao cenário externo, o BC passou a ver um quadro “mais benigno”, ante “menos adverso” anteriormente. Bancos centrais em todo mundo têm mostrado uma posição mais “dovish” (inclinada ao afrouxamento monetário) em meio a preocupações com a economia global.

Nesta quarta-feira, inclusive, o Federal Reserve (banco-central dos Estados Unidos), cortou a taxa de juros pela primeira vez desde 2008, sinalizando disposição para reduzir os custos de empréstimo ainda mais caso seja necessário.

No Brasil, indicadores da atividade econômica seguiram mostrando pífio desempenho, mas o BC avaliou que eles agora “sugerem possibilidade de retomada do processo de recuperação da economia”. Isso, para o BC, ocorrerá “em ritmo gradual”.

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Em relação à inflação no país, o BC frisou que houve melhorias ao assinalar no comunicado que diversas medidas de inflação subjacente (núcleos de inflação) encontram-se em níveis “confortáveis”, e não mais “apropriados”.

Dados mais recentes de inflação têm corroborado a expectativa de que o IPCA vá encerrar o ano abaixo da meta oficial de 4,25%, com margem de de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Considerado uma prévia da inflação oficial, o IPCA-15 subiu apenas 3,27% nos 12 meses até julho.

Em seu comunicado, o BC manteve a projeção de inflação para 2019 pelo cenário de mercado a 3,6%, e para 2020 em 3,9% –mesmos patamares das estimativas feitas em junho. Esse cenário considera a Selic encerrando 2019 em 5,50% e permanecendo neste nível até o final do ano que vem.

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