LEIA MAIS: Fed puxa dólar para cima, acima de R$ 3,80
Este foi o primeiro corte na Selic desde março de 2018, quando a taxa passou de 6,75% para 6,5%. “O Comitê avalia que a consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir ajuste adicional no grau de estímulo”, disse o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC. “O Copom enfatiza que a comunicação dessa avaliação não restringe sua próxima decisão e reitera que os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação”, ponderou.
A decisão do BC tem como pano de fundo a aprovação da reforma da Previdência em primeiro turno na Câmara dos Deputados, no início de julho. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, chegou a dizer que o avanço “obviamente” melhorava o cenário para a inflação e representava um primeiro passo importante.
Em seu comunicado, o BC reconheceu que o processo de ajustes na economia tem caminhado, mas ressaltou que sua continuidade é essencial para a queda da taxa de juros estrutural e para recuperação sustentável da economia.
Apesar de o balanço de riscos para a inflação -que avalia os fatores que podem levar a inflação a ficar abaixo ou acima da meta neste ano e no próximo- ter evoluído de maneira favorável, o risco desfavorável para a inflação ligado à eventual frustração sobre as reformas “ainda é preponderante”, disse o BC.
Nesta quarta-feira, inclusive, o Federal Reserve (banco-central dos Estados Unidos), cortou a taxa de juros pela primeira vez desde 2008, sinalizando disposição para reduzir os custos de empréstimo ainda mais caso seja necessário.
No Brasil, indicadores da atividade econômica seguiram mostrando pífio desempenho, mas o BC avaliou que eles agora “sugerem possibilidade de retomada do processo de recuperação da economia”. Isso, para o BC, ocorrerá “em ritmo gradual”.
VEJA TAMBÉM: Ibovespa recua pressionado por Fed e à espera do Copom
Dados mais recentes de inflação têm corroborado a expectativa de que o IPCA vá encerrar o ano abaixo da meta oficial de 4,25%, com margem de de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Considerado uma prévia da inflação oficial, o IPCA-15 subiu apenas 3,27% nos 12 meses até julho.
Em seu comunicado, o BC manteve a projeção de inflação para 2019 pelo cenário de mercado a 3,6%, e para 2020 em 3,9% –mesmos patamares das estimativas feitas em junho. Esse cenário considera a Selic encerrando 2019 em 5,50% e permanecendo neste nível até o final do ano que vem.