O ex-funcionário da Tesla que fundou uma startup de US$ 1 bilhão

30 de julho de 2019
Getty Images / Westend61

A experiência de Berdichevsky com os carros elétricos da Tesla ajudou no desenvolvimento de baterias da Sila Nanotechnologies

Resumo:

  • Gene Berdichevsky entrou para a Tesla no terceiro ano da faculdade;
  • As baterias desenvolvidas por sua startup, Sila Nanotechnologies, duram até 20% mais em carros e em telefones;
  • A Sila Nanotechnologies cresceu de 40 a 50% por ano nos últimos cinco anos.

Gene Berdichevsky foi um dos primeiros funcionários da Tesla. Hoje, ele tem sua própria startup unicórnio, Sila Nanotechnologies, que vale mais de US$ 1 bilhão. Pelo jeito, ela irá mudar o jeito de viajar da estrada ao transporte aéreo.

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Recentemente, Berdichevsky foi um convidado do podcast “Dealmakers”. Na entrevista, ele contou sobre sua jornada, sobre quando construiu seu primeiro carro solar e sobre como conseguiu centenas de milhões de dólares para sua nova startup de tecnologia incrivelmente rápido.

O início

Berdichevsky nasceu na Ucrânia, passou um tempo em São Petersburgo, na Rússia, e viveu até no Ártico por cinco anos. Tudo isso antes de se mudar para a cidade norte-americana de Richmond, no Estado da Virgínia, e de fazer faculdade na Califórnia.

Na entrevista, ele disse que teve a sorte de nascer em uma família empreendedora e de ver seu pai abrir um pequeno negócio. Berdichevsky é filho de engenheiros de software que trabalhavam com submarinos nucleares.

A única coisa que ele sabia era que, “definitivamente”, não seria um engenheiro de software. Mas Berdichevsky gostava de matemática e ciência. O que o levou a estudar engenharia mecânica.

Em seu primeiro ano em Stanford, ele se envolveu em um projeto de carro solar. Estudantes competiam para construir um veículo movido a energia solar que pudesse percorrer 4.000 quilômetros, de Chicago a Los Angeles. O time de Berdichevsky construiu o chassi do carro inteiro, feito de fibra de carbono e movido a uma bateria similar à de uma torradeira.

Ele contou que foi assim que se apaixonou por energia, solução de problemas e construção e encontrou motivação para construir algo do início.

Os estudos

Berdichevsky também fez pós-graduação em engenharia de energia em Stanford. Não existia um curso desse tipo na época, então, ele criou seu próprio currículo. Estudou materiais, física de semicondutores, mecânica quântica e solar.

Muitas pessoas podem questionar: para que ir à faculdade e criar seus próprios estudos se você pode encontrar tudo que quer aprender na internet?

Como muitos outros fundadores de startups de sucesso que vieram de Stanford, Berdichevsky vê valor na rede de pessoas que você conhece na faculdade. Algumas dessas pessoas trabalham para ele na Sila atualmente. Ele também valoriza o que aprendeu com seus colegas na universidade.

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A Tesla e seus problemas com baterias

Ao fim do terceiro ano, Berdichevsky se tornou o sétimo empregado da Tesla, como líder de desenvolvimento de sistemas de bateria. Não é nenhum segredo que, no começo, a Tesla enfrentou alguns desafios. Eles literalmente começaram colando baterias umas nas outras para criar conjuntos.

A principal preocupação era evitar as falhas aleatórias, que acontecem muito com baterias. Imagine quando se usa 10.000 baterias para mover um único veículo.

A Tesla foi de dez pessoas, quando Berdichevsky começou a trabalhar lá, para aproximadamente 300 quando ele saiu. A empresa cresceu quase 30 vezes em apenas quatro anos. Hoje, a Tesla tem 45.000 empregados e um valor de mercado de US$ 40 bilhões.

Berdichevsky disse que a grande lição que aprendeu na Tesla foi que, como um fundador de startup, você deve resolver os grandes problemas. Ironicamente, ele contou que, às vezes, é mais fácil solucionar um grande problema do que um pequeno. Isso permite achar grandes talentos, é gratificante e reduz a competição.

Na Tesla, ele viu que precisava estar disposto a fazer algo que o mundo acreditava ser impossível. Isso exigiu uma cultura de autoconfiança e uma consciência de que era preciso fazer muito.

Empreendedorismo em desenvolvimento

Berdichevsky disse que, desde o dia que entrou para a Tesla, começou a pensar em como poderia começar sua própria empresa. “Como construo algo como isso?” Ele já tinha um plano prévio de iniciar um negócio de carros elétricos no mercado norte-americano em seu terceiro ano em Stanford.

Berdichevsky também prestou serviços à Sutter Hill Ventures, onde entendeu como identificar empreendedores de sucesso. A chave era seguir as seguintes premissas:

1) Grandes mercados são definidos por uma grande distribuição;

2) Um produto forte precisa transmitir valor;

3) É preciso ter desde o início uma equipe equipada para resolver problemas complexos.

Berdichevsky viajou o mundo e conheceu vários fundadores. Enquanto estava na Sutter Hill Ventures, conheceu o cofundador de sua startup, Gleb Yushin. Pouco depois, Alex Jacobs, seu colega da Tesla, também se juntou a ele, tornando-se o terceiro cofundador da Sila.

Depois de muitas conversas para entender o que cada um agregava aos negócios, eles começaram em um porão na Georgia Tech, e a Sila Nanotechnologie nasceu.

Saiba como se posicionar

Berdichevsky contou que, logo depois de sua formação, a equipe foi atrás de financiamento. Eles tinham uma grande vantagem: a propriedade intelectual que Yoshinacumulou, que incluía seis patentes e quatro anos de experiência tecnológica para lidar com o problema que eles tentavam resolver.

Eles sabiam que a tecnologia era completamente compatível e entendiam o que estava por vir graças aos seus anos de experiência na Tesla.

Berdichevsky disse que eles conseguiram seus primeiros investimentos, principalmente, da Sutter Hill e da Matrix. Ambas continuaram investindo nos outros rounds.

O mais recente round de investimentos da Sila arrecadou US$ 170 milhões, liderado pela Daimler. Até agora, eles conseguiram aproximadamente US$ 295 milhões.

Berdichevsky contou que seu posicionamento foi determinante para muitas pessoas que já perderam muito dinheiro em empresas de baterias. Desde o primeiro dia, eles esclareceram que não eram uma empresa de baterias. Baterias são um mercado de margem baixa, mas seus materiais tem um mercado saudável, quanto melhor o produto, melhores as vendas.

A empresa é avaliada em mais de US$ 1 bilhão, e a narrativa foi muito importante para esse resultado. Isso significa que eles são capazes de captar a essência da empresa em uma apresentação de 15 a 20 slides.

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Sila Nanotechnologies

No começo, os cofundadores conseguiram recrutar um grupo de engenheiros talentosos, e daí começaram a construir a empresa, cujo modelo de negócios é: inventar, desenvolver, manufaturar e vender seu produto.

Nesse sentido, o produto da Sila substitui o pó de grafite em baterias de lítio. Se você armazena o lítio com eficiência, precisa de menos produto para produzir a mesma quantidade de energia. O material da Sila pode armazenar energia de forma mais densa, oferecendo mais energia com volume e peso similares.

A Sila pode reduzir o peso da bateria até 20% ou aumentar o armazenamento de energia em aproximadamente 20% com seu material. O que significa que seus veículos podem ir 20% mais longe que os de qualquer outra empresa.

Considere que cada veículo precise de aproximadamente 15 a 20 quilos desse material. Pense que, daqui a alguns anos, todos os veículos serão elétricos. Estamos falando de um mercado de 100 milhões de novos veículos por ano. Com 20 quilos por carro, serão 2 bilhões de quilos de um material completamente novo, produzidos todo ano.

Esse material também pode ser usado para abastecer táxis aéreos, mudar o jeito que viajamos e a indústria aeroespacial.

A Sila cresceu de 40 a 50% por ano nos últimos cinco anos, e não existem indícios para uma mudança de ritmo tão cedo.

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