- Apenas uma das 100 companhias mais inovadoras do mundo é brasileira;
- Brasil possui a pior colocação entre os Brics no Índice Global de Inovação;
- Burocracia, questões fiscais, capital disponível, instabilidade política e mudanças tecnológicas aceleradas em âmbito global são considerados grandes obstáculos para a inovação no Brasil;
- Setor privado tem papel essencial no processo de inovação no atual cenário brasileiro;
- Buscar parcerias com grandes empresas é um caminho de dupla vantagem no quesito integração e inovação.
Segundo o ranking de Empresas mais Inovadoras do Mundo publicado pela Forbes em maio de 2018, apenas uma das 100 companhias campeãs em inovação é brasileira, a Cielo, na 74ª posição. O resultado diz muito sobre o ponto em que estamos enquanto nação continente e longo caminho que deve ser percorrido a passos largos para buscar integração em nível global.
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Desafios
A recente crise econômica global que atingiu o país resultou em cortes de investimento no setor de pesquisa e desenvolvimento. Dados do Global Innovation Index (Índice Global de Inovação) apontam queda do Brasil de 19 posições no ranking entre 2011 e 2019 — na 66ª colocação da lista, a pior entre os Brics, o país atualmente investe 1,27% em pesquisa e desenvolvimento.
Para Humberto Pereira, presidente da Anpei (Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras), os desafios passam pelo cenário econômico, político e fiscal brasileiro a entraves burocráticos. “Além da burocracia, existe uma dificuldade grande que é o nosso ambiente econômico que reflete em cortes no setor de pesquisa, ciência e tecnologia. É evidente que estamos passando por uma dificuldade fiscal e, quando circunstancial, essa diminuição de investimento é compreensível”.
Segundo Ezequiel Zylberberg, pesquisador do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), a instabilidade política possui grande peso no desenvolvimento da inovação. “A inovação requer uma visão de longo prazo manifestada em políticas estáveis e focadas. Essa abordagem orientada a missões foi empregada com sucesso para resolver grandes problemas sociais no passado – como o programa Proálcool e a automação bancária nos anos 80, por exemplo. A prática de ocupar cargos de gabinetes com base em decisões mais políticas do que técnicas pode afetar o desenvolvimento”. Zylberberg conclui: “Programas de desenvolvimento exigem estabilidade, visão de longo prazo e isolamento da política, eles geralmente são bem-sucedidos quando implantados às margens — em empresas estatais ou fora do alcance do governo federal”.
Outro grande desafio para a inovação no país é o ritmo acelerado das mudanças tecnológicas digitais em escala global. Buscar o investimento de tecnologias se torna essencial para as relações e integração com as cadeias globais.
Caminhos de inovação para o país
Em seu livro de coautoria “A Indústria Brasileira e as Cadeias Globais de Valor” Zylberberg identificou cinco áreas que devem ser abordadas pelo Brasil para acelerar efetivamente a inovação e se posicionar para o crescimento no século 21. Veja a seguir:
- O país deve fortalecer seu envolvimento com o resto do mundo por meio de cadeias globais de valor e redes de conhecimento. Isso se torna mais urgente com a chegada de um conjunto de tecnologias digitais de movimento rápido, complexo e globalmente integrado.
- Deve promover um maior alinhamento entre inovação e política industrial, alavancando iniciativas que visam aumentar a capacidade de desenvolver o setor inovador e assim criar caminhos para a base industrial. Esse desafio é aumentado pelas rápidas mudanças nas prioridades políticas do país sob a ótica da alta rotatividade administrativa, bem como pelos mecanismos institucionais limitados para promover a coordenação política.
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- O Brasil abriga várias inovações institucionais novas e promissoras que incentivam maiores gastos privados em P&D — como o modelo Embrapii, a rede nacional de institutos de inovação do Senai e os Centros de Pesquisa em Engenharia da Fapesp. Esses projetos precisam ser fortalecidos e explorados para garantir o desenvolvimento.
- É preciso fazer mais para minimizar a burocracia, criar os incentivos certos e promover um ambiente favorável à tomada de riscos, a fim de criar maior capacidade de produção acadêmica nas universidades. Patentear novas tecnologias não pode ser visto como um fim em si mesmo, mas como um meio valioso de trazer novas soluções ao mercado e impacto social.
- Diferentemente dos esforços anteriores, que espalharam recursos escassos de maneira muito ampla, é preciso haver iniciativas mais direcionadas para promover setores e tecnologias estratégicos nos quais o país possa competir globalmente. Enquanto o grande mercado brasileiro fornece um importante trampolim para novidades em produtos e serviços, é o mercado global que ajuda a criar empresas competitivas.
A inovação nas mãos do setor privado
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Para Humberto Pereira, além do desenvolvimento em pesquisa e tecnologia, existem outras formas de promover inovação que não necessariamente envolvem a criação de novas soluções produtos e serviços com alto grau de investimento, mas que são igualmente carências identificadas. “Um novo modelo de negócio, de se relacionar com as cadeias de produção, cliente e fornecedores podem ser estratégias inovadoras com alto impacto na produtividade e qualidade do produto ofertado”. Em um cenário com necessidade cada vez mais específicas e demandas personalizadas, adequar-se ao cliente com a promoção de bom relacionamento, fornecimento e logística é uma saída para se manter competitivo.
Veja, na galeria de imagens a seguir, 6 formas de inovar no mercado brasileiro:
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