Suzano mantém foco em redução de estoque de celulose

1 de novembro de 2019
iStock

A companhia pretende levantar até o final do próximo ano cerca de US$ 500 milhões com venda de estoque de celulose excedente

A maior produtora de celulose de eucalipto do mundo, Suzano embarcou em uma estratégia para se livrar de estoques excedentes de celulose, vender ativos florestais e cortar investimentos, na expectativa de reverter um salto na alavancagem no terceiro trimestre e apoiar uma recuperação nos preços da commodity.

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A companhia pretende levantar até o final do próximo ano cerca de US$ 500 milhões com venda de estoque de celulose excedente, venderá nos próximos cinco anos R$ 1 bilhão em ativos florestais que não vem utilizando e cortará investimentos de 2020 para um nível “bem abaixo” dos R$ 5,9 bilhões previstos para este ano, disseram executivos da Suzano em teleconferências com analistas e jornalistas hoje (1).

A empresa terminou setembro com uma relação de dívida líquida sobre lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de 4,7 vezes em reais e de 4,3 vezes em dólares ante níveis de 3,5 e 3,6 vezes, respectivamente, no final do primeiro semestre.

A expectativa agora é que essa alavancagem volte a ficar perto de três vezes ou até abaixo disso em algum momento de 2021, prazo que não prevê que a empresa venha a ter necessidade adicional de capital além do que já gera em suas próprias operações.

“Estamos felizes com nossa performance operacional, mas não tão felizes com o retorno sobre capital empregado e a principal razão disso é o preço da celulose”, disse o presidente-executivo da Suzano, Walter Schalka.

Entre o final de 2018 e o fim de setembro deste ano o preço da celulose caiu de US$ 750 a tonelada para US$ 526, uma redução de quase 30% fomentada por fatores que incluem um menor desempenho da economia da China, envolvida na guerra comercial iniciada pelo governo dos Estados Unidos.

Schalka afirmou sem citar nomes que rivais da empresa estão praticando preços de celulose abaixo do custo de produção, numa situação não sustentável que sinaliza que os valores “não têm muito mais espaço para ceder”.

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Ele, porém, evitou comentar quando um início de reversão nos preços da celulose poderia se dar, embora tenha citado uma série de fatores para a expectativa, incluindo redução de capacidade produtiva do setor devido a paradas para manutenção e resultados ruins sendo registrados por competidores.

Mais cedo nesta semana, executivos da rival Klabin afirmaram que veem chance dos preços da celulose esboçarem uma reação após o feriado do Ano Novo Chinês, no final de janeiro.

As ações da Suzano lideravam as altas do Ibovespa às 12h06, avançando cerca de 6% diante das indicações de queda de estoque de celulose na China, afirmaram analistas, enquanto as units da Klabin tinham alta de 2,3% e o índice tinha valorização de 0,9%.

O diretor comercial da área de celulose da Suzano, Carlos Aníbal, comentou sem revelar números, que os estoques de celulose da empresa terminaram setembro no menor nível do ano e que o movimento “deve se acentuar” até dezembro.

“Concluímos os negócios em outubro (venda de celulose) no mesmo nível de preço de setembro. Já vimos aumento de exportações para a China e isso demonstra que mercado está se fortalecendo…Espero fechar outubro com estoque de celulose bem limitado na China. Nos dois principais portos da China temos zero de celulose para vender até novembro”, afirmou o executivo. Segundo ele, os estoques globais da Suzano caíram em 150 mil toneladas no terceiro trimestre.

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