As ações da companhia, que atualmente possui uma vacina para a Covid-19 em testes clínicos sendo feitos em seres humanos, subiram mais de 12% nesta semana, superando a queda geral do mercado de ações. Esse aumento transformou Springer em um bilionário: a Forbes estima que, agora, o professor tenha um patrimônio de US$ 1 bilhão com base em sua participação acionária de 3,5% na Moderna e em mais três pequenos negócios de biotecnologia.
Na terça-feira (12), a Moderna anunciou que a Food and Drug Administration (FDA, o equivalente à Anvisa no Brasil) incentivou seu esforço na criação do que pode vir a ser a primeira vacina para a Covid-19. A Moderna foi a primeira companhia a iniciar testes em humanos, em 16 de março, em Seattle, e suas ações quase triplicaram de valor desde que a OMS declarou a pandemia em 11 de março. O crescimento vertiginoso já havia levado a um outro novo bilionário – o CEO Stéphane Bancel, que agora tem uma fortuna de US$ 2,1 bilhões.
Além de investidor bilionário em biotecnologia, Springer é professor de química biológica e farmacologia molecular na Harvard Medical School, onde começou a lecionar em 1977 e, atualmente, orienta estudantes de pós-doutorado em seu laboratório. Em sua pesquisa como imunologista em Harvard, descobriu moléculas associadas à função linfocitária, que levaram ao desenvolvimento de vários medicamentos baseados em anticorpos aprovados pela FDA. Sua primeira incursão no empreendedorismo ocorreu em 1993, quando fundou a empresa de biotecnologia LeukoSite, que se tornou pública em 1998 e foi vendida à Millennium Pharmaceuticals um ano depois, em um negócio de US$ 635 milhões – Springer recebeu cerca de US$ 100 milhões em ações da Millennium na operação.
Springer foi investidor fundador da Moderna em 2010, quando colocou cerca de US$ 5 milhões na empresa. Agora, uma década depois, esse investimento inicial vale quase US$ 870 milhões. Mas, muito antes do surgimento da Covid-19, ele já estava pensando em como a inovadora tecnologia de mRNA da empresa poderia ajudar no desenvolvimento de vacinas.
Embora a Moderna possa ser a aposta de maior destaque do estudioso, ele também é o principal investidor em outras três empresas de biotecnologia de capital aberto menores: a Selecta Biosciences, a Scholar Rock e a Morphic Therapeutic. No caso das duas últimas, ele é também cofundador, ajudando a construir as companhias a partir de sua pesquisa científica em Harvard.
Impassível diante de sua nova fortuna, Springer ainda usa a bicicleta para chegar ao trabalho todos os dias em Cambridge, onde realiza pesquisas em seu laboratório. Seu único luxo, diz, é sua casa. “Gosto de jardinagem e de colecionar pedras… Não preciso do dinheiro. Tenho um estilo de vida acadêmico.”
Mas ele tem usado sua fortuna para retribuir à comunidade científica: em 2017, doou US$ 10 milhões para estabelecer o Institute for Protein Innovation, uma organização sem fins lucrativos independente dedicada a pesquisar a ciência de proteínas e a ajudar os empresários de biotecnologia a colocarem suas ideias em prática.
O professor da Harvard não é o único no clube de vários dígitos cuja riqueza foi impulsionada pela batalha contra a Covid-19. A fortuna de alguns bilionários da saúde aumentou muito desde que a OMS declarou o estado de pandemia global em 11 de março. O rally da biotecnologia pode continuar acelerando, à medida que o público aguarda ansiosamente novos desenvolvimentos na luta contra a doença.
Springer está otimista de que o setor de biotecnologia continuará seu rápido crescimento mesmo após a pandemia. “Antes, estávamos difamados por cobrar demais pelas drogas, mas agora todo mundo está ciente de que a biotecnologia está trabalhando num resgate”, diz. “A biotecnologia é uma grande promessa para novos medicamentos, e a fé nela é justificada.”
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