Oferta da Uber por GrubHub reacende preocupações com taxas cobradas a restaurantes

14 de maio de 2020
Reuters

Segundo Giuseppe Badalamenti, consultor de pizzarias de Chicago, as fusões e a consolidação do setor geralmente dão aos consumidores “menos opções e dão às empresas muito poder”

A possibilidade de a Uber Technologies, que opera o Uber Eats, adquirir o Grubhub está reacendendo as preocupações de alguns restaurantes com as taxas cobradas a eles pelas empresas de entrega de alimentos.

Alguns pequenos restaurantes expressam sua aversão pelos serviços, que às vezes cobram dos restaurantes pequenos – que já operam em margens reduzidas – até 15% a 30% de taxas em cada pedido, além de oferecer descontos para redes grandes como o McDonald’s.

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Em março e abril, quando a pandemia de coronavírus atingiu os Estados Unidos, o Grubhub viu sua plataforma adicionar o mesmo número de novos restaurantes parceiros que durante todo o segundo semestre de 2019, disse o presidente-executivo Matt Maloney na semana passada em uma carta aos acionistas.

Atualmente, a plataforma possui cerca de 300 mil restaurantes nos EUA, enquanto o Uber Eats tem mais de 100 mil nos Estados Unidos e no Canadá. A fusão criaria a maior empresa de entrega de alimentos do país.

Em abril, os pedidos médios diários do Grubhub foram 20% maiores que no mesmo mês do ano passado, disse Maloney.

Andrew Rigie, presidente-executivo da New York City Hospitality Alliance, uma associação comercial, disse que a fusão entre as empresas “apresenta preocupações significativas”.

“Você fica nervoso quando potencialmente tem um provedor que superará 50% do mercado”, disse Robert Guarino, presidente-executivo da 5 Napkin Burger, que tem quatro unidades em Manhattan. A maioria dos pedidos é feita pelo Grubhub.

“A grande questão é: o que acontece quando todas essas empresas estão tentando alcançar a lucratividade, de onde isso vem?”, afirmou ele.

O Conselho da Cidade de Nova York aprovou ontem (13) uma lei de emergência para limitar as taxas cobradas pelo Grubhub e outras grandes plataformas, incluindo Uber, DoorDash e Postmates, enquanto continua buscando a implementação de regulamentos de longo prazo que já estava considerando.

As regras expiram 90 dias após a suspensão do estado de emergência e limitam as taxas pagas pelos restaurantes a 15% de um pedido de serviços de entrega e 5% para outros serviços, como marketing.

O Grubhub enfatizou repetidamente que valoriza os restaurantes locais que compõem a grande maioria dos estabelecimentos em seu aplicativo.

O Grubhub está adiando pagamentos de comissões de até US$ 100 milhões para alguns restaurantes para uma data posterior ainda não divulgada.

O Uber Eats disse que não cobraria taxas de entrega de restaurantes durante a pandemia, enquanto a DoorDash e sua subsidiária Caviar cortaram as comissões pela metade até maio.

Mesmo assim, a irritação persiste.

Giuseppe Badalamenti, consultor de pizzarias de Chicago, disse que as fusões e a consolidação do setor geralmente dão aos consumidores “menos opções e dão às empresas muito poder”.

Há duas semanas, ele postou um recibo no Facebook, mostrando que um restaurante mantinha apenas US$ 376,54 de US$ 1.042,63 de pedidos do Grubhub – o restante foi para o serviço de entrega como promoções, comissões e taxas.

“Pare de acreditar que você está apoiando sua comunidade fazendo pedidos por aplicativos de entrega”, afirmou ele. (Com Reuters)

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