6 herdeiros que assumiram com sucesso negócios familiares
Juliana Andrade
14 de outubro de 2020
Divulgação
Marcelo Podolan assumiu a operação do grupo Santa Maria em 2014, durante a execução do plano de sucessão iniciada por seu pai e fundador da companhia, Manoel Vieira
Quando o assunto são os negócios construídos por uma família, pensar na sucessão da gestão pode ser um tema delicado e nem sempre fácil de lidar. Muitas vezes, o fundador está há anos a frente da empresa, tem sua própria metodologia de gestão, vive e respira o que construiu profissionalmente.
O fato é que planejar a sucessão é um dos passos mais importantes para um negócio de família permanecer longevo e ter seu legado garantido, uma vez que seus fundadores são humanos –envelhecem e não vivem para sempre.
Dados do IBDFAM (Instituto Brasileiro de Direito de Família) de 2013 apontam que apenas 5% dos inventários têm testamento. Após a morte de um ente, a partilha de bens pode ser um longo e problemático processo emocional, de gestão e judicial.
A pandemia de Covid-19 trouxe consigo um fenômeno na área testamentária brasileira: a procura por formalização de testamentos saltou 134% entre abril e julho de 2020, em detrimento ao mesmo período do ano passado. O número de documentos saltou de 1.249 em abril para 2.918 em julho.
Ainda assim, dar a César o que é de César não garante legado: é preciso trabalhar consciência e planejamento em vida para evitar que patrimônios construídos possam ruir em uma única geração.
Segundo Rui Rocha, CEO da Partner Consulting, que presta consultoria de governança corporativa, estratégia, gestão e operação, “o plano de sucessão garante a longevidade e perenidade do negócio e quem vai transferir o poder tem que ter um preparo para se desgarrar emocionalmente da empresa e não se sentir vazio. Muitas vezes é indicado um acompanhamento terapêutico durante o processo de sucessão”.
Rocha comandou o processo de sucessão do grupo Santa Maria, fundado por Manoel Lacerda Cardoso Vieira. A companhia com patrimônio de R$ 2 bilhões, que atua nas áreas de agricultura, energia, florestal, imobiliário e papel, iniciou a execução do planejamento sucessório em 2013, sob a preocupação de Seu Manoel com o futuro dos negócios da família.
O fundador do grupo faleceu em 2017 e seu filho, Marcelo Podolan, já estava à frente dos negócios desde 2014. “O Santa Maria é um caso bem-sucedido porque foi planejado. O Seu Manoel sentiu a necessidade de que a empresa passasse pela estruturação da sucessão três anos antes dele falecer”, diz Rocha. “Todo o ambiente foi preparado para o sucesso do Marcelo. Não houve nenhum problema de segmentação de bancos ou clientes em reconhecerem ele como a pessoa que tinha condição e preparo para assumir a posição do pai.”
Sobre a importância da passagem do bastão da empresa de pai para filho, Marcelo Podolan, atual CEO do grupo Santa Maria pontua: “Duas questões foram cruciais: receber o legado do meu pai em vida trouxe confiança aos executivos, diretores e gerentes pela continuidade da governança e apoio do meu pai em todas as decisões. O segundo ponto foi a aproximação da minha irmã, que mora em Curitiba, com os negócios da família. Quando trouxemos ela para o conselho de administração, como sócia e alguém integrada sobre os números da empresa, pudemos reafirmar a confiança evitar dificuldades futuras na estrutura familiar”.
Veja, na galeria de fotos a seguir, seis casos de sucessão em negócios familiares de sucesso: