No começo de dezembro, a Hewlett Packard Enterprise (HPE) anunciou que mudaria sua sede de San José, na Califórnia, para Houston, no Texas. Fundada em Palo Alto em 1939, a HPE é uma das maiores e mais robustas empresas de tecnologia a sair do Vale do Silício nos últimos meses. Sua nova instalação, num campus de 53 mil metros quadrados completo, com academia, gramado para ioga e farmácia, será construída em Springwoods Village, uma comunidade planejada ao norte de Houston que também abriga a sede corporativa da Exxon Mobile. A empresa pretende manter um contingente significativo de P&D em San José, mas fará de Houston seu centro de negócios e empregos.
“Houston é uma região atraente para recrutar e reter futuros talentos diversos e é onde a empresa está atualmente construindo um novo campus de última geração. A Bay Area continuará a ser um centro estratégico para a inovação da HPE, e a empresa integrará uma série de locais da Bay Area ao seu campus de San José”, informou a companhia no relatório de lucros do quarto trimestre.
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Embora a mudança não seja particularmente surpreendente – a HPE inaugurou a instalação em fevereiro e tem uma presença significativa em Houston há anos -, pode ser um termômetro de que mudanças maiores virão na indústria de tecnologia. Apenas neste ano, a Palantir Technologies saiu de Palo Alto para Denver, o Dropbox mudou de São Francisco para Austin e empresas como Twitter e Square deixaram a porta aberta para acordos de trabalho remoto por tempo indeterminado.
Embora o aumento do trabalho remoto certamente tenha levado muitas empresas a reconsiderarem a necessidade de uma presença física na Bay Area, o cálculo total é muito mais complexo, levando em consideração mudanças maiores em tecnologia, infraestrutura, mercados de trabalho especializados e (é claro) impostos. Aqueles que mudam têm a oportunidade de agir de acordo com essas tendências maiores.
“Existem algumas áreas-chave de tecnologia que começaram a surgir nos últimos anos que não são necessariamente como o Vale do Silício”, disse Todd Thibodeaux, CEO do grupo de tecnologia CompTIA. “Para a tecnologia de Internet das Coisas (IoT), as cidades inteligentes do Texas estão na vanguarda, enquanto no caso da computação em nuvem, essa infraestrutura está em toda parte.”
Um dos maiores impulsionadores da mudança geográfica é, justamente, o advento da computação em nuvem. Os conjuntos de servidores necessários para dar suporte à infraestrutura cloud precisam de terreno e eletricidade mais baratos do que o que está disponível na Bay Area e estão sendo construídos em todas as partes dos Estados Unidos, alguns em centros como o Data Center Alley de Loudon County Virginia. A nuvem também contribuiu para mudanças logísticas significativas. As empresas de tecnologia, que historicamente dependiam de hardware fabricado no Leste Asiático, tiveram a dependência de computação reduzida e, portanto, a necessidade de proximidade física fornecida pela matriz na Costa Oeste.
As mudanças no mercado de trabalho também levaram as empresas a olhar para além do Vale do Silício. Indústrias locais – como a de biomedicina em Boston ou s fintechs em Nova York – desenvolveram ecossistemas de startups cada vez mais complexos, com pools de talentos especializados que não dependem dos profissionais do Vale do Silício.
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Talvez mais significativo ainda seja o fato de que impostos e custo de vida mais baixos fora da Califórnia proporcionaram aos colaboradores um alívio modesto no mercado de trabalho tecnológico incrivelmente apertado. Embora o CEO da HPE, Antonio Neri, negue que taxas menores tenham influenciado sua decisão de se mudar para o Texas em uma entrevista, é muito provável que a empresa se beneficie financeiramente com a mudança das operações.
Mudar para uma área onde o custo de vida é menor pode atenuar [os salários], você pode ver diferenças de 20% nos vencimentos iniciais”, diz Thibodeaux. “Se você é um funcionário da HPE e pode passar do regime tributário da Califórnia para o regime tributário do Texas, vai entender isso em um piscar de olhos.”
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