Como um grupo de médicos criou uma das empresas mais inovadoras do Brasil

9 de outubro de 2015

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Nos anos 70, um grupo de médicos fundou uma clínica de psiquiatria em Itapira, interior de São Paulo. Para suprir as necessidades com medicamentos, eles decidiram criar um laboratório. Com uma capacidade produtiva superior à demanda interna, passaram a vender o excedente. Foi assim que nasceu o Cristália. Referência em inovação e tecnologia, hoje possui 76 patentes e é o único laboratório brasileiro que produz 50% de seus insumos. Ele também é considerado o pioneiro nacional em realizar a cadeia completa de um medicamento, desde a concepção da molécula até o produto final.

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Com vocação inicial para a psiquiatria, o Cristália, de olho no segmento hospitalar que pedia cada vez mais anestésicos e que só era atendido por multinacionais, resolveu investir nesse nicho. Hoje, atende mais de 4 mil hospitais e é considerado o maior produtor de anestesia de toda América Latina. Ele fabrica os quatro anestésicos inalatórios (anestesia geral) mais consumidos no mundo, assim como os três principais anestésicos de bloqueio (anestesia local).

Seu medicamento mais vendido é o anestésico Xylestesin, que teve mais de 18 milhões de unidades vendidas nos últimos 12 meses. O Cristália, vale lembrar, continua atuando forte na psiquiatria, no segmento de dor, HIV/Aids, em produtos biológicos e dermatologia terapêutica e estética. Somando tudo, seu faturamento em 2014 foi de R$ 1,6 bilhão.

O laboratório ainda exporta seus princípios ativos e produtos acabados para mais de 30 países. “O Cristália busca novas moléculas, com ações e resultados. ​Chama também a atenção o fato de ele articular o grupo de farmacêuticas nacionais para P&D (pesquisa & desenvolvimento). Eles atuam em uma área difícil, mas estão tendo sucesso”, afirma uma fonte que, por questões de concorrência, prefere não se identificar.

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Outro especialista diz que o Cristália é a única empresa brasileira de fármacos que soube utilizar com sabedoria e plenitude os recursos oferecidos pela política de insumos estratégicos do Ministério da Saúde (que buscava criar contratipos nacionais) para gerar novas moléculas com escala e aplicação competitiva global.