Depois de rejeitado por inúmeras companhias farmacêuticas, o tratamento foi parar dentro dos produtos oferecidos pela Fields + Rodan, fabricante de cosméticos para a pele criada pelas colegas e que, hoje, conta com um time de 150 mil revendedoras espalhadas por todos os estados norte-americanos.
As empresárias contam que iniciar um negócio requer uma boa dose de paciência e uma persistência ainda maior. “É necessário ter muita maturidade para aguentar todo tipo de reação negativa em relação a sua ideia”, disse Katie Rodan durante um evento para produtos de pele, que aconteceu em San Francisco no último mês.
Além de comercializar seus produtos, as duas colegas da Universidade de Stanford lançaram sua companhia para que outras mulheres possam ingressar no mundo dos negócios e ganhar o próprio dinheiro com as vendas. “Acima de tudo, nossa empresa é sobre a independência das mulheres”, comentou Katie Fields.
Desde seu ano de fundação, em 2010, a Fields + Rodan tem crescido 93%, em média, anualmente. De US$ 24 milhões de lucro no primeiro ano, elas passaram a faturar mais de US$ 600 milhões em 2015.
O império dos cosméticos rendeu US$ 550 milhões para cada uma de suas fundadoras.
As sócias se conheceram na Universidade de Stanford, em 1984, durante a residência de medicina. Kathy Fields, formada pela Universidade de Miami, se tornou colega de quarto de Katie Rodan, recém-chegada da Universidade do Sul da Califórnia. Elas se aproximaram rapidamente e não se separaram mais, principalmente durante as provas semestrais dos dois anos seguintes.
Depois de terminarem a especialização, as amigas seguiram caminhos separados pelas clínicas de dermatologia de San Francisco, na Califórnia.
Em 1989, em um dia particularmente ruim, Katie começou a pensar em um creme para acnes que ela gostaria de encontrar. Ligou para sua amiga da universidade e, juntas, começaram a pesquisar sobre os tratamentos oferecidos no mercado. “Só achávamos químicas para destruir acne, nada para previni-la”, comentou Kathy.
Nas semanas que se seguiram, as amigas se trancaram na cozinha de Katie até encontrar a fórmula perfeita para o creme que queriam. “Nós mantivemos segredo até dos nossos melhores amigos, com medo de que alguém roubasse a nossa ideia”, conta Kathy.
Em 1993, as dermatologistas levaram o produto pronto em sacolas plásticas para a Neutrogena. Quase um ano depois, o então presidente da marca de cosméticos, Allan Kurtzman, disse que só compraria o creme para acne caso as médicas topassem participar de comerciais para a televisão da companhia. “Ficamos horrorizadas. Somos médicas, não garotas-propaganda”, conta Katie.
Quase dois anos depois da criação do cosmético, as amigas estavam sem esperanças de colocá-lo no mercado. Sem dinheiro para campanhas de marketing próprias, um golpe do destino resolveu parte dos problemas das dermatologistas. Durante uma palestra, no final de 1995, a mãe de Katie conheceu uma tia do dono da companhia de marketing Guthy-Renker.
Depois de algumas ligações, a empresa topou promover e distribuir o produto, pagando 15% do dinheiro arrecadado para as criadoras. “Nós fornecemos a propriedade intelectual do produto e o nome”, conta Kathy.
Em questão de meses, o creme se tornou um dos maiores sucessos da Guthy-Renker, o que se mantém até os dias de hoje. Somente em 2015, o produto arrecadou US$ 1 bilhão, com Justin Bieber e Vanessa Williams como alguns dos consumidores mais famosos do cosmético.
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Agora, além de darem aulas no curso de medicina da Universidade de Stanford, as amigas investem na expansão de seus produtos para o exterior. Em fevereiro de 2015, elas lançaram seus produtos no Canadá e, em apenas um ano, as vendas cresceram mais de 300%. O próximo país a receber os cosméticos é a Austrália, em 2017.