Como uma empresa brasileira fatura R$ 40 milhões por ano com manequins

10 de setembro de 2016

Expor Manequins é líder na fabricação de modelos de exposição no país (Carol Carquejeiro)

Na época em que o mineiro Vilemondes de Andrade Filho e o francês Gilbert Reneé Ledon começaram a trabalhar numa fornecedora de produtos para vitrinas, no centro de São Paulo, nos anos 1960, os manequins ainda eram blocos inertes, produzidos em papel machê ou madeira. Quando a empresa quebrou, em 1969, os dois colegas se juntaram para fundar a Expor, especializada em fabricar bonecos de exposição.

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A empresa já começou revolucionando: foi a primeira a produzir manequins em fibra de vidro e, já no primeiro ano, levou para a Fenit (maior feira de moda da América Latina na época) a primeira coleção completa de bonecos articulados — que permitiam mexer braços e pernas. “A inovação está no DNA da Expor”, diz Marcos Andrade, 49, um dos seis filhos de Vilemondes e hoje presidente da companhia.

A partir daí, foi uma sucessão de ineditismos: depois de ser a primeira empresa do Brasil a produzir em fibra de vidro, a Expor foi pioneira na fabricação de bonecos em resina plástica, a primeira a ter uma boneca negra, a escanear digitalmente modelos reais em 3D, e a primeira em pintar com robôs. Inovou ainda com modelos de biótipo latino e manequins de pessoas com necessidades especiais.

Com tamanha expertise e diversidade, foi parar rapidamente na vitrine do mercado, tornando-se a maior fabricante de manequins da América Latina. Com seus bonecos “de atitude”, conquistou os maiores varejistas do Brasil e também de fora do país — dos Estados Unidos à Rússia.

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A Expor vende para o exterior desde 1993, e já abasteceu as vitrines de redes como Tommy Hilfiger, Donna Karan e Aeropostale, além das maiores cadeias de moda do Brasil. Hoje, tem show rooms no México e na Colômbia. As exportações, para 25 países, representam 30% do faturamento. “Exportar sempre foi parte do nosso negócio, independentemente do dólar.”

Da fábrica, instalada em Avaré (SP) desde 2003, saem cerca de 70 mil bonecos por ano. Cerca de 10% deles ainda são em fibra de vidro, os restantes 90% em resina, que são praticamente inquebráveis. “Meu pai ficou meio tenso quando lançamos os manequins de plástico. Nossos clientes não teriam mais necessidade de substituir seus bonecos”, brinca o presidente.

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Em seus quase 50 anos de mercado, a empresa já espalhou a multidão de 1,2 milhão de manequins. Ledon se retirou da sociedade quando se aposentou, em 1992, e, desde então, a Expor é tocada por Vilemondes e os filhos. Três deles — Marcos, Guilherme e Octaviano — compraram a parte de Ledon e se tornaram sócios do pai.

Atualmente, a família Andrade trabalha no desenvolvimento de uma nova família de bonecos — uma linha urbana, a ser lançada em breve. “Estamos na indústria da moda. Como ela, temos que acompanhar as tendências”, afirmam Andrade. “Quando a Expor começou, os manequins eram todos soldadinhos. Hoje, eles ajudam a contar uma história.”