Cinegrafista usa impressora 3D para criar drone

17 de maio de 2018

O WiralCam Lite é um sistema leve e fácil de guardar que segura uma câmera enquanto se move ao longo de uma corda em lugares apertados, onde os drones não podem ser usados

A norueguesa Emilie Aabakken passou nove anos na indústria de esportes de ação, ajudando a estabelecer vários festivais ligados ao tema na Europa. Ela filmou atletas profissionais, organizou eventos e criou sistemas para obter as cenas de ação que queria nos confins de espaços apertados e grandes multidões. Para conseguir fotos profissionais em grandes eventos, ela e seus colegas amarravam cabos nos espaços de competição, pendurando uma câmera na linha para que ela acompanhasse os atletas. Levava horas para configurar e, como os sistemas usados ​​em jogos profissionais de futebol americano nos Estados Unidos, era muitas vezes caro.

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Foi essa experiência que levou Emilie, de 26 anos, e sua equipe a criar o WiralCam Lite, um sistema leve e fácil de guardar que segura uma câmera enquanto se move ao longo de uma corda em lugares apertados, onde os drones não podem ser usados, como em áreas arborizadas ou janelas de construção. Ao contrário dos sistemas complicados que Emilie usava anteriormente, o WiralCam Lite custa US$ 399 e pode ser configurado pelos consumidores em minutos. O produto é o primeiro da sua empresa, a WiralCam, constituída em 2015.

Para testar o conceito, foram criados alguns protótipos – “apenas equipamentos bagunçados com fita adesiva e coisas do tipo”, conta Emilie – levados para vários eventos esportivos para serem experimentados. Depois de determinar que o produto estava despertando o interesse dos atletas, novos protótipos foram desenvolvidos – cerca de 70 – em uma impressora 3D comprada para a sede da empresa. Emilie diz que eles continuaram a usar atletas e cinegrafistas para testar o dispositivo, já que queriam especialistas para dizer se a câmera tinha os recursos que os profissionais gostariam. Seu time até criou uma parceria com a equipe da Norwegian National Downhill Mountain Biking, que deu feedback sobre a durabilidade e os melhores recursos do aparelho.

O retorno que Emilie recebeu de profissionais combinado com “um monte de vídeos excitantes e legais” filmados com o dispositivo a convenceu de que valia a pena produzir a WiralCam Lite. No final de 2017, a empresa então lançou uma campanha no site de arrecadação de fundos Kickstarter. A meta estabelecida foi de US$ 30 mil, mas Emilie levantou mais de US$ 1 milhão com a pré-venda de mais de 4.300 unidades. Dos quase 400 mil projetos lançados no Kickstarter, apenas 291 arrecadaram essa quantia. Com tanto incentivo, a empreendedora pretende vender 15 mil Wiralcam Lites até o final de 2018, com a entrega das primeiras unidades a partir de junho.

Para ela, o processo de desenvolvimento evoluiu sem problemas. Em vez disso, o principal desafio para a equipe era a produção – o que não é surpreendente, considerando as complexidades do produto. Ele é formado por mais de 250 partes diferentes, e uma pequena mudança ou ajuste para uma peça pode reajustar todo o design, o que, segundo Emilie, causou pequenos atrasos. Mesmo um erro mínimo de medida poderia jogar fora todo o processo de montagem. A tecnologia do WiralCam Lite é muito específica e não há espaço para erros – se uma peça não estiver adequada, o dispositivo não poderá executar seus recursos de alta tecnologia da maneira correta.

A equipe também teve dificuldade para definir um preço, pois acredita que o produto pode ser o primeiro drone a cabo conectado feito para o consumidor disponível no mercado. Para determinar o valor ideal, eles analisaram os custos de outras câmeras de ação e acessórios como drones, gimbals e estabilizadores. Eles também conversaram com seus amigos profissionais e que testam as câmeras – incluindo o ciclista de montanha Danny Wilson e o cinegrafista pessoal do The Chainsmokers, Jeremiah Davis – para ver quais recursos eles mais valorizavam. Depois de discutir os custos de produção com os fornecedores da China, que compraram através de uma incubadora de startups norueguesa baseada no país, eles adotaram o valor de US$ 399, considerado por eles um preço competitivo.

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Sobre os próximos passos da WiralCam, Emilie diz que a equipe trabalhará para criar acessórios e refinamentos para a atual WiralCam antes de iniciar novos projetos importantes. Eles também pretendem trazer mais atletas e cinegrafistas a bordo, embora talvez não mais equipes de ciclismo nas montanhas. “O protótipo quebrou em três pedaços e quase bateu na cabeça do treinador”, lembra Emilie. “Então, podemos nunca mais ouvir falar deles, mas pelo menos aprendemos muito.”