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Fundada em 2015 pelos irmãos Enis e Amir Karavil, a Sanayi 313 começou como uma boutique em Istambul. Enis, formado em design de interiores, pretendia ter um espaço que tivesse um “conceito multidisciplinar, que combinasse arte, comida, arquitetura e moda”. Pouco depois, ele fez uma parceria com Serena Uziyel, que tem uma extensa experiência em design de calçados, e ambos criaram uma coleção de, principalmente, sapatos e bolsas com uma estética que, sem dúvida, não era comum no mercado – e talvez ainda não seja.
Os desenhos são marcados pelo uso de tecidos ricos e elementos decorativos arrojados. Há riachos de borlas de ouro, conchas e tartarugas e vespas elaboradamente costuradas. Para equilibrar os babados, as silhuetas são mantidas de forma aerodinâmica – e geralmente são mules pontiagudos, sandálias ou mocassins. “Todo design reflete organicamente nosso amor pelo contraste”, explica Serena. “É muito artesanal. Cada peça é uma obra de arte única.”
Parece que muitos na indústria compartilham do mesmo sentimento. A grife conquistou gigantes online como Net-A-Porter e Matches Fashion, entre outros, o que viabilizou o alcance mundial da marca turca. Mas a dupla entende que isso, por si só, não é suficiente para ter um impacto duradouro. “Estamos encontrando diferentes meios para compartilhar nossa história e expandir nossa comunidade”, disse Serena. “Ao hospedar pop-ups em alguns dos varejistas mais exclusivos do mundo, podemos nos conectar pessoalmente com um público mais amplo.”
Embora momentâneo, o pop-up é uma forma cada vez mais comum de as marcas emergentes de luxo colocarem suas mercadorias diretamente diante de potenciais clientes que já reconhecem o nome e a reputação do varejista. Além disso, os consumidores são capazes de ver detalhes das peças pessoalmente e, muitas vezes, têm a possibilidade de interagir com os designers, que ficam à disposição para exaltar os méritos de seus produtos e até justificar os altos preços (os chinelos da Sanayi 313 custam a partir de US$ 800).
“Criar uma experiência memorável e exclusiva nesses locais nos dá a oportunidade de estarmos mais intimamente conectado ao nosso público em todo o mundo”, acrescenta Enis. “Em muitos aspectos, nossa jornada como marca global começou com a Level Shoes e a Bergdorf Goodman.”
Mesmo inserida na era digital – quando muitos declaram as virtudes do modelo direto ao consumidor e concentram-se em suas próprias plataformas de comércio eletrônico -, a maioria gostaria de ter a chance de fazer parceria com uma loja de departamentos. Embora, em grande parte das vezes, apenas poucos tenham essa oportunidade.
Infelizmente, por trás de todo o brilho, a moda é um negócio e os varejistas querem garantias de que podem vender produtos e obter lucro. É por isso que a maior parte do espaço é dado às marcas já estabelecidas – aquelas que têm seus próprios seguidores consolidados e podem atrair tráfego de clientes. Como resultado, é mais difícil para os novos designers encontrarem de forma contínua um lugar nesses salões sagrados. Dito isso, as lojas pop-ups funcionam como uma grande entrada para os novos empreendedores, que podem fazer com que os compradores das grandes redes voltem para comprar mais, caso sejam bem-sucedidos.