A volta triunfal dos vinhos do leste europeu

20 de setembro de 2018
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Vinhos do leste europeu estão reconquistando o espaço perdido com o comunismo e a concorrência australiana

Desprezados pelo comunismo e mais tarde ofuscados pelo mercado australiano, vinhos do leste europeu ensaiam um retorno triunfal — desta vez, baseados em valor e singularidade, em vez de suavidade e volume. Para os enófilos que procuram diferentes sabores e uvas, a Europa Oriental é uma das fronteiras finais.

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“Na Europa Oriental, a qualidade é tão boa quanto em qualquer parte do mundo onde se produzam bons vinhos. É a última parte inexplorada do universo vinícola”, diz a enóloga Caroline Gilby, do Reino Unido, expert na região. Caroline, que abandonou uma carreira como cientista botânica, em meio a um doutorado, para trabalhar com vinhos, lançou recentemente Os Vinhos da Bulgária, Romênia e Moldávia, livro com histórias, fatos e história relacionados a rótulos exclusivos desses três países.

Ao decidir se libertar e fazer o que tinha vontade, a britânica, com grau avançado na academia, embarcou como estagiária em uma equipe de compra de vinhos e foi designada para a atuar no leste europeu bem a tempo de ver a queda do regime comunista.

Desde que chegou à região, a situação mudou muito. Quando o comunismo caiu, no final dos anos 80, cada país reagiu de uma diferente. A Moldávia, indiscutivelmente mais marcada pelo regime porque estava dentro do bloco soviético, é até hoje a mais avançada em entender a necessidade de trabalhar em conjunto, de se comunicar em conjunto e de desenvolver uma estratégia de marketing global.

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No final da década de 1980 e meados da década de 1990, a Bulgária e a Romênia estavam à frente dela, como grandes exportadoras de vinho para a Europa. Por razões complexas, esse comércio caiu. A Austrália veio e preencheu a lacuna, passando a fornecer vinhos confiáveis, baratos, alegres e consistentes para a Europa — geralmente, vermelhos. Mas nos últimos três, quatro anos ressurgiu um interesse real pelos vinhos da Europa Central e Oriental.

Os três países abordados no livro de Caroline têm castas internacionais, como Cabernet Sauvignon, Pinot Gris e Pinot Noir, e estas fornecem uma ferramenta útil para as pessoas descobrirem esses países. Mas eles também têm suas próprias uvas que produzem vinhos realmente deliciosos e excitantes, diferentes das ofertas padrão. O desafio é convencer as pessoas a experimentar, porque a memória que se tem da Europa Oriental é ainda a de vinhos suaves e baratos.

 

 

Variedades de uvas e vinhos do leste europeu:

Romênia e Moldávia

Feteasca Neagra (“Black Maiden”) – vermelho com sabores de frutas vermelhas, taninos e especiarias

Feteasca Alba – (White Maiden) – branco usado para vinhos tranquilos e espumantes, inclui aromas cítricos e damascos

Feteasca Regala («Royal Maiden») – branco também cultivado em partes da Hungria e da Áustria, seco e ácido com aromas florais

Negru de Dragasani – cultivado na Romênia com sabores de frutas pretas, cerejas e especiarias

Rara Neagra (“Rare Black”) – da Moldávia, produz tintos de cor rubi com sabores únicos que incluem frutos secos e baunilha

Viorica – branco da Moldávia, elegante com ervas e aromas de limão

 

Bulgária

Melnik – vermelho, dos quais existem dois clones. Aromas de couro, menta e pimenta

Mavrud – vermelho produzindo vinhos de cor profunda que são tânicos, picantes e envelhecem bem

Gamza – vermelho (também conhecido como Kadarka) que faz vinhos frescos, leves e frutados