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A marca de luxo sediada em Genebra destacou seu projeto “The Journey To Sustainable Luxury” (A Jornada do Luxo Sustentável, em tradução livre) em grande estilo, durante a feira, em março do ano passado. Primeiro, com uma coletiva de imprensa para mostrar seu prestígio com atores internacionais, como Julianne Moore e Colin Firth, os modelos e ativistas Arizona Muse e Noella Coursaris e o cantor chinês Roy Wang. Depois, um grupo de especialistas discutiu metas globais de sustentabilidade para a indústria global de joias e relógios, em roda liderada por Imran Amed, fundador e CEO do “Business of Fashion”. Ambos os painéis dividiram o palco com os copresidentes da Chopard, Caroline e Karl-Friedrich Scheufele.
Em uma entrevista recente, Livia disse que a Chopard define o ouro “ético” como proveniente de pequenas minas que participam dos programas Fairmined e Fairtrade, da Swiss Better Gold Association (SBGA), cujo minério tenha certificação do Responsible Jewellery Council (RJC).
“Quando iniciamos o ‘The Journey To Sustainable Luxury’, criamos uma aliança estratégica com a Alliance for Responsible Mining (ARM), uma ONG que opera na América Latina em comunidades de mineração de pequena escala”, disse Livia. “Teria sido muito fácil para a Chopard apenas obter através deles as quantidades disponíveis de ouro com o certificado, mas a empresa foi além disso e realmente apoiou a ARM em trazer mais comunidades mineradoras para a certificação Fairmined. Isso significou que, ao longo dos anos, a quantidade de ouro ‘ético aumentou’.”
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“Obviamente, a fundição faz uma enorme diferença, pois acrescenta muito valor a um negócio sustentável. Fundir internamente também significa controlar totalmente o processo e reciclar seu próprio ouro”, completou.
Essa integração vertical também permite que a Chopard se mantenha próxima a seus fornecedores e os reavalie se for o caso. Por exemplo, a empresa parou de comprar rubis de Mianmar devido à crise de Rohingya, descrita pelas Nações Unidas como um “exemplo clássico de limpeza étnica”.
Como uma empresa privada, a Chopard não é obrigada a abrir muita coisa sobre seus negócios. A empresa argumenta que fornecer informações sobre seus fornecedores arriscaria as operações comerciais. Como não há informações suficientes para verificar os programas de sustentabilidade, a Human Rights Watch, uma ONG de defesa dos direitos humanos, classifica as iniciativas de sustentabilidade da marca de luxo como “fracas”.
Livia afirma que, ao lado da Chopard, continua empenhada em atingir as 17 metas delineadas pelos “Objetivos Globais para o Desenvolvimento Sustentável”, das Nações Unidas, um compromisso de 15 anos adotado por todos os 193 estados-membros da ONU.
“Temos um plano de 17 pontos com metas de capital social e natural, sem ninguém ficar isento deles”, disse Livia. “Conectar os cidadãos com o que tem sido chamado de uma das iniciativas mais críticas de nossos tempos é absolutamente essencial e emocionante.”
Iniciativa e recursos
Como uma grande companhia verticalmente integrada com recursos intelectuais e financeiros, a Chopard conseguiu criar vários programas de longo prazo para produzir produtos sustentáveis. Mas as empresas menores podem criar esses tipos de programas? Livia diz que sim, embora haja desafios.
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“A indústria do couro enfrenta alguns desafios únicos na criação de produtos ecologicamente corretos, principalmente, na compra de matéria prima de fontes sustentáveis e no processamento e fabricação dessas peles.
Em grande parte do mundo em desenvolvimento, a produção de couro é notoriamente tóxica e põe em perigo os trabalhadores que curtem e pintam essas peças. Além disso, as águas residuais contaminadas são frequentemente despejadas em locais de abastecimento, sem qualquer filtragem. A indústria também cria produtos a partir da pele de animais mortos. No entanto, existem empresas na cadeia de fornecimento de couro que garantem que os bichos são abatidos humanamente e que o couro é um subproduto do principal uso do gado, como alimento. Também dizem que existem maneiras de processar couro que são mais amigáveis ao meio ambiente.
“Através do aprendizado sobre a cadeia de suprimentos e os principais impactos em cada etapa, você pode começar a buscar pelo couro de maneira mais responsável, observando o manejo da terra e o nível de bem-estar animal na fazenda e o uso de insumos químicos perigosos no curtume”, diz ela. “Existem também alternativas de couro que podem ser adequadas dependendo do item a ser produzido. Trata-se de focar nas áreas mais importantes para o seu negócio e, em seguida, buscar o melhor caminho.”
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LUC8K
Sua fundadora, Karen-Maria Olivo, uma veterana de artigos de luxo, diz acreditar nas metas globais da ONU para a sustentabilidade e que está construindo sua empresa de forma a capaz de atingir esses objetivos. Engajada, ela diz ter um forte desdém por companhias que usam a sustentabilidade apenas como uma ferramenta de marketing.
“Criamos produtos projetados para durar”, diz. “É o oposto de fast fashion. E tentamos não deixar um impacto ruim no meio ambiente. Sustentabilidade não é um plug de marketing para nós. ”
Grande parte do couro para todos os produtos LUC8K é originário do sul da França, uma área conhecida por produzir o produto com a melhor qualidade, nas condições mais sustentáveis e com as certificações adequadas. Alguns dos produtos da empresa usam couro Napa, que pode ser de cabra, ovelha, vaca ou bezerro e é conhecido por sua maciez. A matéria vem da Itália, país conhecido por seu couro de alta qualidade, produzido de forma sustentável.
As peles, sejam da França ou da Itália, são primeiro curtidas mineralmente, depois mergulhadas e tingidas. Esse processo ajuda a produzir um couro levemente granulado, macio ao toque e durável. Os demais produtos também vêm de fontes sustentáveis, como os forros internos de algodão para as bags da Itália e os zíperes e outras peças da Suíça, Alemanha e Itália.
“Nós vamos no local. Nós conhecemos as pessoas. Vemos tudo com nossos próprios olhos”, diz Karen-Maria. “A cautela é uma parte importante para obtermos nossos fornecedores.”
Os produtos são feitos sob encomenda em Casablanca, no Marrocos, um local com tradição na produção de artigos de luxo feitos à mão, em um ambiente no qual Karen-Maria diz que os funcionários têm boas práticas.
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“Há vinte anos, quando comecei a entrar nesse negócio, reconheci que marcas legais refletem uma certa imagem e percepção”, disse ela. “Com a idade, você aprende não apenas as coisas boas dessa indústria, mas também as ruins. O que está por trás da cortina é às vezes menos agradável e bonito ”.
Karen-Maria acrescenta que quer produzir itens que atendam às necessidades individuais de mulheres que se conhecem e têm seu próprio senso de estilo: aquelas com uma abordagem “menos é mais” quanto ao consumo de bens de luxo.
Ela acrescenta que o período de quatro a seis semanas que leva para entregar uma peça de couro LUC8K tem apelo a um tipo especial de consumidor.
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“Nós fazemos produtos que duram. Não é uma solução rápida. Uma mulher que compra de quatro a seis bolsas por ano não é quem acreditamos que comprará algo conosco. Nós realmente queremos que as pessoas invistam seu tempo. Elas precisam esperar que a bolsa chegue. Todo o processo é emocional.”
O couro é uma das matérias dos principais produtos que a marca de luxo Montblanc produz (ao lado de itens de escrita e relógios). Todos os artigos em pele são criados em uma oficina intocada em Florença, a “Pelletteria”. Em um canto da sala, do tamanho de um depósito onde o couro é trabalhado, há um braço robótico testando a força de uma correia em uma das bolsas de viagem da sua #4810 Trolley Collection. Os artesãos ficam em longas mesas, ocupando o maior espaço na sala, e trabalham em vários elementos de diferentes artigos em couro da empresa.
De um lado do espaço, os couros acabados são ordenadamente armazenados e categorizados. Isso inclui algumas peles exóticas, como avestruz e até mesmo o estômago de um elefante, que são para pedidos personalizados. Um representante da empresa garante que a pele vem de fontes sustentáveis. Com exceção dos exóticos, todo o couro é originário da Itália e são igualmente sustentáveis, disse ele.
Mais uma vez, a verificação dessas declarações é um problema. Talvez o próximo passo na jornada para a sustentabilidade seja criar um sistema de verificação pública que não exponha os fornecedores e as operações comerciais das empresas.