CEO fatura R$ 200 milhões com selinhos

8 de agosto de 2019

Aos 20 anos de idade Beatriz descobriu uma lesão no braço que mudaria o rumo de sua carreira

Resumo:

  • Após acidente que impossibilitou sua carreira de pianista clássica, Beatriz Ramos assume a implantação e o comando da BrandLoyalty Brasil;
  • Empresa é responsável pelas campanhas de selinhos, que podem ser trocados por brindes, de redes de supermercados como Extra e Pão de Açúcar;
  • Segundo informações da companhia, varejistas que adotaram a promoção registraram aumentos de 6% a 15% nas vendas durante as ações;
  • Operação brasileira da companhia é a quinta maior do mundo;
  • Globalmente, a marca chega a faturar € 600 milhões ao ano;
  • Em 2018 a BrandLoyalty Brasil atingiu o faturamento de R$ 200 milhões. A meta para 2019 é crescer 50% em relação a ano passado.

Nascida em Brasília, filha de pioneiros na construção da capital federal, Beatriz Ramos, de 39 anos, tinha planos muito diferentes para a carreira. A atual CEO da BrandLoyalty Brasil, empresa holandesa especializada em campanhas de fidelização de curto prazo, sonhava em ser pianista clássica. E foi na busca por esse sonho que tudo começou.

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A paixão pelo instrumento de cordas surgiu cedo, aos sete anos de idade. Aos treze, ao visitar a irmã mais velha, que morava na Holanda, Beatriz conheceu um professor de piano e recebeu um convite para fazer um concerto no país. Como resultado de seu desempenho, foi contemplada com uma bolsa de estudos no Conservatório Real de Haia.

A carreira parecia promissora: em seguida, a jovem pianista partiu para Nova York com uma nova bolsa, desta vez da prestigiosa Juilliard School.

Em paralelo, Beatriz Ramos começou a estudar economia na Columbia University. Era uma forma de ampliar seus conhecimentos e de ter uma segunda opção de carreira, caso fosse necessário. E, de fato, foi.

Aos 20 anos de idade, com uma agenda sólida de concertos e a graduação em curso, Beatriz descobriu uma lesão no nervo do braço causada por uma queda na infância. A partir daí, seu caminho profissional tomaria outro rumo.

“Uma hora ficou claro que não dava mais. Olhando para trás agora, vejo que tive uma vida feliz e sou grata, mas na época foi uma tragédia para mim. Pensava que teria que recomeçar do zero, mas aos poucos entendi que não era bem assim”, diz Beatriz. “Ter deixado meus pais e minha família por uma paixão, e sair do país, me levou a falar várias línguas. Eu também tinha muita noção de negócios porque tratava dos meus próprios cachês”.

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Beatriz voltou para a Holanda a fim de cursar mestrado em musicologia e casar seus conhecimentos de mercado com a paixão pela música, quando surgiu a oportunidade de ingressar em um programa de trainee da Sony em Nova York. Com apenas um ano de empresa, ela foi promovida e assumiu a direção de planejamento estratégico e vendas de conteúdos digitais na sede de Londres.

O primeiro contato da executiva com a companhia que hoje dirige se deu na Sony, durante o desenvolvimento conjunto de uma campanha que oferecia um álbum de figurinhas de artistas e a troca de selinhos de uma rede de varejo por download de música. “Na época, era forte o consumo ilegal de música. Então, fizemos um projeto no qual, a cada certa quantia em compras, o cliente ganhava figurinhas de grandes artistas e um código para baixar faixas da Sony”, diz Beatriz.

Acordos e acordes

Audtakorn Sutarmjam/GettyImages

Para a CEO, o conhecimento musical foi crucial no processo

Com o sucesso da campanha, Beatriz foi convidada pela BrandLoyalty a abrir a operação brasileira da empresa . “Sempre pensei em voltar. Tinha muita saudade de casa. Acredito que temos muito o que fazer pelo país após uma vivência fora. Com todas as minhas vivências fora, eu acreditava muito no conceito dos selinhos e tinha convicção de que iria virar uma febre no Brasil.”

Em 2012, aos 31 anos, a jovem assumiu o comando da companhia no Brasil. “Eu estava grávida. Quando me mudei para cá, meu filho mais velho tinha apenas dois meses de vida. Nunca tínhamos morado em São Paulo, foi preciso um ajuste muito grande. Essas experiências me fizeram amadurecer”, diz Beatriz.

Entre os desafios de implementar a BrandLoyalty no país, estava o cultural: o Brasil não tinha esse tipo de campanha de troca de selinhos por coisas. “Foi preciso aprimorar o conceito e o nível de execução — controle de fraude e outros pontos para garantir que, independentemente de qualquer contratempo, nossos produtos jamais estariam em falta.”

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Para a CEO, o conhecimento musical foi crucial no processo. “Pianistas desenvolvem desde cedo disciplina, maturidade, entrega e performance. A música é matemática, você precisa lidar com vários fatores ao mesmo tempo. Tenho um perfil analitico forte, e também o emocional. Acredito que essa aliança traz uma melodia para as negociações — e o piano continua a ser minha válvula de escape.”

A BrandLoyalty é a responsável pelas campanhas de selinhos de supermercados como Pão de Açúcar e Extra — além do supermercado Hema, da gigante do comércio chinês Alibaba. Os consumidores recebem selos conforme o valor da compra e, à medida que a cartela é preenchida, o cliente pode trocá-la por brindes a escolher. Segundo dados da companhia, presente em 60 países, as vendas dos varejistas chegam a registrar aumentos de 6% a 15% no período das ações.

A operação da BrandLoyalty no Brasil é a quinta maior do mundo e, globalmente a marca chega a faturar € 600 milhões ao ano. Segundo a CEO do negócio, a empresa bateu o faturamento de R$ 200 milhões em 2018 e, para 2019, a meta é aumentar em 50% o valor registrado no ano passado.

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