Melinda Gates escolhe Chicago para montar seu primeiro centro inclusivo de tecnologia

3 de fevereiro de 2020
Reprodução/Forbes

Melinda Gates, criadora do projeto GET Cities que visa acelerar a representatividade e a liderança das mulheres no setor de tecnologia a a partir da criação de centros inclusivos nos Estados Unidos

Melinda Gates tem uma visão muito clara de como os hubs de tecnologia com inclusão de gênero funcionariam e sua nova iniciativa tenta criar três deles. A primeira parada é em Chicago.

A esposa de Bill Gates, cofundador da Microsoft, anunciou no último dia 28 de janeiro que a Pivotal Ventures, sua empresa de investimentos e incubadora, lançará uma iniciativa, batizada de Gender Equality in Tech Cities (GET), projetada para acelerar a representatividade e a liderança das mulheres no setor de tecnologia por meio do desenvolvimento de centros inclusivos nos Estados Unidos. Em vez de focar no Vale do Silício, dominado por homens, esse esforço visa à igualdade de gênero nos futuros três hubs. A cidade de Chicago foi escolhida como o primeiro e outras duas serão selecionadas nos próximos anos.

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Melinda explicou por que pretende focar em centros menores nas GET Cities: “À medida que o setor de tecnologia continua se expandindo para outras áreas do país além do Vale do Silício, temos a oportunidade de repensá-lo. Se esses hubs emergentes forem apoiados para priorizar a representação e a inclusão das mulheres à medida que crescem, eles estarão melhor posicionados para aproveitar toda a gama de talentos locais, além de ajudar a criar um plano para fechar a lacuna de gênero na área em todo o país”.

Chicago foi escolhida como a primeira GET City depois que uma análise dos centros de tecnologia revelou que a cidade tinha a combinação ideal de fatores, como programas de graduação em computação, acesso à capital, uma forte comunidade local de empresas e empregadores, talento diversificado e um ambiente regulatório e político favorável.

Prioridades das GET Cities

A Pivotal Ventures se uniu ao Break Through Tech (novo programa que tem como objetivo aumentar a porcentagem feminina que se forma em universidades norte-americanas com diploma em computação) e à SecondMuse (organização que ajuda a construir ecossistemas de inovação) a fim de lançar as GET Cities. O plano para ampliar a igualdade no florescente mundo da tecnologia de Chicago tem três objetivos: atrair mais mulheres na direção de carreiras tecnológicas, criar um ambiente inclusivo que gere oportunidades a elas e garantir que negras obtenham os mesmos caminhos e oportunidades. Veja, a seguir, os detalhes de como ocorrerá a reinvenção do hub de tecnologia.

1. Criação de caminhos para o avanço tecnológico 

O Break Through Tech fará parceria com instituições de ensino superior, a começar pela Universidade de Illinois, em Chicago, para aumentar o número de mulheres graduadas em computação. A iniciativa já tem experiência em trazer uma maior participação feminina para o mundo da tecnologia com um programa semelhante lançado em Nova York. O plano visa ajudar a conectar as alunas entre si e com os profissionais, bem como proporcionar a elas o acesso a estágios.

2. Integração do ecossistema local de tecnologia

Lideradas pela SecondMuse, uma agência global de inovação, as GET Cities incentivarão startups locais e empresas de risco e de tecnologia a construírem uma cultura mais inclusiva. Isso engloba o desenvolvimento de um conjunto de metas compartilhadas sobre contratação e retenção de mulheres, aumento da sua participação em empregos de inteligência artificial e identificação de fontes de capital e financiamento para empresárias.

3. Garantia de uma representação igual para todas as mulheres

As GET Cities também querem garantir que mulheres de todas as origens, principalmente negras, tenham caminhos a seguir nos setores de tecnologia, inovação e empreendedorismo. Elas visam melhorar a diversidade e a inclusão na IA, apoiar fundadoras de startups afro-descendentes e latino-americanas e aumentar o número de mulheres dessas categorias, além de norte-americanas, graduadas em computação.

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A iniciativa de Melinda tem como alvo a falta de mulheres em tecnologia, tanto do lado da oferta quanto da demanda. O programa quer atrair um número maior delas para seguir carreiras tecnológicas, garantir que haja oportunidades disponíveis quando estiverem à procura de trabalho ou financiamento e fornecer apoio durante todo o processo.

As estatísticas femininas no setor tecnológico sugerem que uma grande intervenção como as GET Cities é certamente necessária. Segundo a filantropa, apenas 19% dos cursos de informática são direcionados às mulheres, e elas detêm apenas 26% dos empregos relacionados à computação. No ano passado, escassos 2,8% do financiamento de capital de risco nos Estados Unidos foram destinado a empresas iniciadas por equipes femininas. Mulheres negras também têm pouca representatividade na força de trabalho de computação e, apesar de constituírem 16% da população em geral, as afro-americanas, latino-americanas e nativas norte-americanas detêm apenas cerca de 4% das funções nos setores computacionais.

Em outubro, Melinda anunciou o comprometimento de US$ 1 bilhão para alterar essas estatísticas e, atualmente, US$ 50 milhões são alocados no projeto GET Cities. Ela aposta que intervir no início do desenvolvimento dos centros de tecnologia proporcionará uma oportunidade de orientar a cultura em uma nova direção.

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