As startups de serviços de entrega, que já passavam por um aumento de demanda natural nos últimos anos, estão com mais trabalho do que nunca. Sérgio Saraiva, presidente da Rappi no Brasil, afirma que o bom momento da empresa está sendo compartilhado com a sociedade em forma de ações criadas para mitigar os impactos econômicos da crise.
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“Não é do nosso interesse nos beneficiarmos da situação. Por isso, estamos voltando os ganhos para a sociedade”, Sérgio Saraiva, presidente da Rappi no BrasilAumento de 11,3%
Já o iFood fechou março com 158 mil restaurantes – um aumento de 11,3% em relação a fevereiro. O aplicativo também criou ações para amenizar o revés da crise. Além de antecipar o repasse aos restaurantes para sete dias, criou dois fundos solidários no valor de R$ 2 milhões destinados a amparar tanto os entregadores que adoecem e precisam parar de trabalhar quanto aqueles que pertencem ao grupo de risco e precisam ficar isolados. Outros R$ 50 milhões de sua receita devem beneficiar os restaurantes parceiros do app durante dois meses por meio de ações como o auxílio calculado pelo valor dos pedidos, que pode chegar a 20% nas taxas de cada compra realizada.
Sobre a mudança nos padrões de consumo, Bruno Montejorge, diretor de comunicação do iFood, acredita que muitas das pessoas que começaram a usar o app por necessidade no isolamento continuarão utilizando. “Conseguimos mostrar que o iFood é uma plataforma que vai além da pizza de sábado à noite e pode fazer parte do dia a dia das pessoas que nunca tinham usado o app ou o faziam de forma esporádica.”
Fábio também acredita que haverá mudanças no padrão de consumo pós-isolamento. “Temos observado que as pessoas, trabalhando de casa, estão recorrendo ao Uber Eats em momentos como almoço e café – nosso campeão de vendas sempre foi o jantar.”
A movimentação dos restaurantes
Não foram só os serviços de delivery que se ajustaram ao novo cenário. O Grupo Fasano, por exemplo, com 25 restaurantes (contando os dois de Punta del Este, possuía os serviços de delivery apenas para o Gero Panini, uma versão mais descontraída do luxuoso estabelecimento aberto há quase um ano em São Paulo.
“Estamos cuidando da qualidade dos nossos produtos, logística e entrega, porém, a interação que temos com os clientes durante o serviço no restaurante sempre será única”, conta Mayra Chinellato, diretora de alimentos e bebidas do grupo. Ela diz que os serviços de entrega, apesar de não retornarem o prejuízo causado pelo fechamento dos restaurantes, estão dando “motivação para seguirmos”. O sushiman Jun Sakamoto, que empresta seu nome para um dos restaurantes de comida oriental mais conceituados de São Paulo, com uma estrela Michelin, não ficou de braços cruzados ao perceber que sua clientela habitual estava interessada em continuar a comer seus sushis: resolveu ir pessoalmente entregar-lhes os pratos.
Como não usa embalagens descartáveis, pois “acaba com a experiência”, Jun retira os pratos no dia seguinte. Ele admitiu que as entregas não sustentam todos os gastos, mas, com os pedidos atuais do meio do abril (que giram em torno de 30 pratos diários), o restaurante conseguiu o suficiente para não demitir ninguém da equipe.
A chef e empresária Renata Vanzetto já possuía serviços de delivery no Matilda, MeGusta e Muquifo — nos seus dois outros estabelecimentos, o Ema e o Mé Taberna, não havia delivery. Foi necessário implementar o serviço no Ema. Ela conta que o número de pedidos aumentou entre os meses de março e abril (200 pedidos diários no meio de abril entre todos os restaurantes). Já a chef Morena Leite, à frente do Capim Santo em São Paulo e Rio, e do Santinho, em São Paulo, precisou inovar, uma vez que não tinha delivery. Segundo ela, foi necessária uma força-tarefa para conseguir começar esses serviços, primeiro no Rio de Janeiro, depois em São Paulo. “Pegamos de tudo um pouco: garçons que tinham moto, preparamos um cardápio especial e, com fé e coragem, nos reinventamos.”
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