A empresa abriu as portas no Brasil em 30 de março de 2005, quase sete anos depois do lançamento em Menlo Park, na Califórnia, em 4 de setembro de 1998 – o Google nasceu do encontro de dois estudantes do curso de doutorado na Universidade de Stanford: Sergey Brin, que já era aluno de ciência da computação, foi apresentar o campus para Larry Page, que chegava de Michigan para conhecer o local. A afinidade entre os dois foi tamanha que criaram o Google, que nasceu, de fato, com o nome de BackRub.
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No que diz respeito ao portfólio de produtos, nove das plataformas da empresa têm mais de 1 bilhão de usuários: o mecanismo de busca, o navegador Chrome, a loja de aplicativos Play Store e as plataformas de armazenamento de arquivos e fotos Google Drive e Photos, além do Google Maps e do sistema operacional Android.
O Brasil está entre os cinco maiores mercados para todas essas plataformas, em tamanho e em engajamento. O número de celulares baseados em Android em uso por aqui demonstra a onipresença da empresa no país: 95% dos smartphones rodam o sistema do Google, segundo uma pesquisa da consultoria IDC.
“Nossas plataformas têm uma excelente aceitação pelos brasileiros, é realmente uma história de amor: o brasileiro gosta muito do Google e o Google gosta de estar presente no Brasil”, confessa Fábio, ressaltando a força da marca empregadora do Google: no Glassdoor, site que reúne avaliações das empresas pelos próprios funcionários, a gigante de tecnologia é recomendada por 97% de seus colaboradores brasileiros.
“Ficamos mais eficientes em casa”
O intenso expediente do presidente inclui reuniões semanais com o grupo comercial da empresa, de mais de 550 pessoas, bem como frequentes encontros com a diretoria, que acontecem via videoconferência durante a pandemia. Esse formato de trabalho é natural no Google, e a operação remota tem dado certo: “Estou muito impressionado com nossa capacidade de trabalhar de casa: nos planejamos mais, criamos rotinas e ficamos mais eficientes”, aponta o executivo, que, no momento desta entrevista (fim de maio), operava em regime de home office havia nove semanas.
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Uma das grandes preocupações de Coelho é garantir o apoio de que os Googlers precisam no período de home office, em áreas como infraestrutura e saúde mental. “Líderes neste momento precisam mostrar o caminho, modelar comportamentos que se traduzam em ajudar as pessoas e, com isso, remover obstáculos para que as equipes possam trabalhar.” Até 18 de maio, o Google não tinha um prazo para a retomada das atividades nas instalações físicas, e o protocolo de retorno, bem como a possibilidade de testagem de funcionários, ainda não estava definido. “Voltaremos apenas quando tivermos as condições para tal, e o retorno será faseado”, ressalta.
“Estou muito impressionado com nossa capacidade de trabalhar de casa: nos planejamos mais, criamos rotinas e ficamos mais eficientes”, diz Fábio CoelhoEnquanto a pandemia não é superada, ele crê que a atual situação apresenta a possibilidade de uma sociedade mais humanizada. “Observamos alguns ambientes menos poluídos, mar e céu mais limpos, cidades menos poluídas: de alguma forma, isso mostra que nós conseguimos alterar o nosso destino social, ao mesmo tempo que pensamos sobre o quanto dependemos uns dos outros. A palavra aqui é interdependência.”
A importância da publicidade online
Segundo o executivo, a instabilidade provocada pela Covid-19 trouxe uma mudança no mix de anunciantes que têm lançado mão de AdWords e a forma como o fazem. Enquanto companhias aéreas pararam de investir, a indústria automobilística voltou depois de uma pausa para observar o mercado. Outros players, como os do segmento de varejo hortifrutigranjeiro, aumentaram significativamente seu investimento. “Empresas entenderam que as pessoas continuam precisando de produtos ou serviços e que a forma de se conectar com elas nesse momento é através do ambiente digital.”
A resposta do Google à crise passou também por entender o momento atual do brasileiro e traçar futuros possíveis em termos de consumo e atitudes. Um estudo do Google, compartilhado com exclusividade com a Forbes, ilustra essa transformação. De acordo com a pesquisa, mais de 60% dos brasileiros estão passando mais tempo com a família e, consequentemente, decisões de consumo são cada vez mais compartilhadas com outras pessoas. Além disso, 40% dos consumidores no Brasil começaram a comprar mais em comércios locais por causa da Covid-19, o que traz uma grande oportunidade para que esses negócios estabeleçam uma presença online.
Segundo Fábio, o Brasil tem diversos exemplos de empresas que buscaram a digitalização e, portanto, já estavam bem estruturadas para atender uma situação como a pandemia. Exemplos: Magazine Luiza, ViaVarejo, B2W e Mercado Livre. Porém, o momento é desafiador para outras tantas que tiveram que se adaptar para garantir sua sobrevivência, ou para as quais o digital nem sequer é possível. “O brasileiro é extremamente adaptável e resiliente, mas essa adaptação é bem mais difícil para quem depende de pontos de venda físicos, como bares, que são lugares de convivência social.”
Outras tendências apontadas no estudo, que eram esperadas para daqui a dois ou três anos e foram antecipadas pela pandemia, incluem o aumento de uso de entregas, com 37% de usuários de internet no Brasil dizendo que estão usando delivery com mais frequência, ao passo que 22% vão continuar com esse hábito mesmo depois do fim das medidas de distanciamento social, na medida em que consumidores associam compras online a uma maior segurança. As compras aumentaram em volume, e o número de entregadores usando automóveis também aumentou.
No fim de março, o CEO global da empresa, Sundar Pichai, anunciou o investimento de US$ 800 milhões em recursos para apoiar empresas e organizações de saúde, que incluem créditos em publicidade online e um fundo de crédito para pequenas empresas. Medidas específicas para o Brasil incluem a disponibilização de mais de R$ 1 milhão através do braço filantrópico da empresa, o Google.org, para apoiar iniciativas que enderecem as demandas da crise com tecnologia. O fundo já beneficiou entidades como a Olabi, organização social carioca que conecta demandas de hospitais com quem produz itens como equipamentos de proteção individual.
A gigante de tecnologia segue investindo na aceleração de startups brasileiras. A edição do programa de residência deste ano é a primeira a acontecer de forma totalmente digital. Uma de suas mentoradas, a Portal Telemedicina, desenvolveu uma tecnologia de inteligência artificial capaz de distinguir uma pneumonia tradicional da Covid-19 por meio de exames de imagem.
Além disso, a empresa compartilha seu ferramental tecnológico e seus recursos em parcerias com o poder público, autoridades de saúde e organizações sem fins lucrativos para o enfrentamento ao novo coronavírus. Isso inclui sistemas para apoiar o ensino a distância em escolas estaduais, o compartilhamento de dados agregados e anônimos sobre o deslocamento da população sob quarentena para orientar políticas públicas no Brasil, bem como discussões com o governo sobre a tecnologia criada em parceria com a Apple, que permite o desenvolvimento de aplicativos que notificam usuários no caso de exposição à Covid-19.
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