As pessoas costumam me perguntar o que podem fazer para prevenir o burnout. Uma médica do pronto-socorro me contatou alguns meses após o início da pandemia porque estava preocupada com a saúde mental da equipe. Ela perguntou: “Paula, o que digo aos médicos quando me perguntam o que podem fazer para evitar o estresse em suas carreiras?”. Eu disse o que provavelmente ela diria aos pacientes – tratar os sintomas é um começo, mas, para realmente resolver o problema, você também precisa abordar as causas subjacentes.
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Aqui estão algumas coisas que aprendi estudando isso por mais de 10 anos:
Burnout não é uma palavra substituível com estresse geral
O estresse existe em uma sequência e se torna algo mais parecido com o burnout quando você experimenta exaustão crônica, cinismo e ineficácia (impacto perdido). A ex-advogada em mim adora a necessidade de uma linguagem precisa aqui porque o termo burnout é frequentemente usado de forma muito vaga ou no contexto errado para descrever cansaço geral ou apenas ter um dia ruim quando não é nenhuma dessas coisas.
Burnout é um problema no local de trabalho
Eu defino burnout como a manifestação de estresse crônico no local de trabalho, e a definição atualizada da Organização Mundial da Saúde (OMS) deixa claro que “burnout se refere especificamente a fenômenos no contexto ocupacional e não deve ser aplicado para descrever experiências em outras áreas da vida.”
Burnout é complexo
Para que as empresas reduzam os casos de burnout, elas devem abordar as causas e aplicar remédios sistêmicos. Esse esgotamento é causado por um desequilíbrio entre as demandas do seu trabalho (aspectos que exigem esforço e energia consistentes) e os recursos que você possui (aspectos que são motivacionais e geradores de energia). Existem seis pontos principais que as organizações, líderes e equipes precisam reduzir para diminuir a probabilidade de esgotamento:
1- Falta de autonomia (ter alguma escolha de como e quando você executa as tarefas relacionadas ao seu trabalho)
2- Alta carga de trabalho e pressão (particularmente problemático em combinação com poucos recursos)
4- Injustiça (favoritismo; tomada de decisão arbitrária)
5- Os valores se desconectam (o que você acha importante sobre sua vida profissional não corresponde ao ambiente em que você está)
6- Falta de reconhecimento (sem feedback; você raramente ouve agradecimento)
A conversa sobre burnout pode parecer um grande desafio para líderes ocupados, mas, na realidade, construir uma cultura positiva no trabalho começa aos poucos, implantando mudanças pequenas, mas perceptíveis e consistentes. É importante ressaltar que esses comportamentos precisam ser modelados e apoiados pelos gestores.
Aqui estão 10 práticas que não custam dinheiro, levam pouco tempo e podem construir o tipo de cultura positiva necessária para prevenir o burnout (e abordar mais diretamente as demandas de trabalho listadas acima):
1-Agradeça mais (provavelmente muito mais) do que sua prática atual
3-Seja claro ao dar atribuições e converse com outros líderes seniores, a fim de minimizar solicitações conflitantes e ambiguidade (dois aceleradores conhecidos de esgotamento)
4-Transforme o feedback construtivo em uma conversa de mão-dupla e focada na aprendizagem
5-Mantenha as pessoas informadas sobre as mudanças
7-Incentive os membros da equipe
8-Forneça justificativas sobre projetos, metas e visão geral
9-Esclareça informações confusas e ausentes relacionadas a funções e tarefas
A pandemia aumentou as demandas, tanto no trabalho quanto fora dele, e tirou muitos dos recursos importantes que tradicionalmente usávamos para nos recuperar do estresse do dia a dia. Pode ser tentador pensar que o problema de esgotamento diminuirá, ou mesmo desaparecerá, quando a pandemia terminar, mas é importante lembrar que as taxas de burnout aumentaram em muitos setores nos anos que antecederam a crise sanitária.
O mais importante é começar a reformular a conversa sobre o esgotamento não como um desafio individual que pode ser resolvido com estratégias rápidas de autoajuda, mas como uma questão sistêmica que todos são responsáveis na tentativa de reduzir. Burnout é um grande problema e, para resolvê-lo, temos que começar a discutir isso da maneira certa, com estratégias significativas que abordem as causas centrais. Há algo que todos podemos fazer a respeito – vamos começar agora.
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