No clima da Paralimpíada: 5 empresas que estão mudando a realidade de profissionais com deficiência no Brasil
Maria Laura Saraiva
24 de agosto de 2021
Luis Alvarez/ Getty Images
Elas não só contratam PcDs, como capacitam talentos, adaptam o ambiente de trabalho e treinam suas equipes para receber os novos colaboradores
Em 1939, o neurologista alemão Ludwig Guttmann reuniu ex-soldados com sequelas físicas causadas pelos combates na Segunda Guerra Mundial em uma competição esportiva que incentivava a recuperação dos militares. Mais de 20 anos depois, o evento culminaria na estreia dos Jogos Paralímpicos, que hoje (24) chegam à sua 16ª edição em Tóquio, no Japão. Desde a sua primeira participação, em 1972, o Brasil já ganhou 301 medalhas na competição, incluindo 87 ouros. Fora das quadras e dentro dos escritórios, no entanto, o caminho rumo à equidade de condições e oportunidades ainda é longo.
Com 45 milhões de habitantes portadores de algum tipo de deficiência, cerca de 25% da população, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil conta, atualmente, com apenas 1% das vagas de emprego formais ocupadas por esse grupo de profissionais.
Um dos principais entraves para a expansão do número de PcDs (pessoas com deficiência) no mercado de trabalho está ligado aos vieses inconscientes. Uma pesquisa feita pelo Grupo Croma mostrou que 71% dos portadores de deficiências atribuem a recusa das empresas ao preconceito, enquanto 32% confirmam que já foram vítimas de alguma situação de discriminação. Outro levantamento, desta vez do portal de vagas Catho, revelou que 34% dos portadores de deficiência empregados se sentem isolados nas empresas onde atuam.
Do ponto de vista legal, a Lei 8213/91, apelidada de Lei de Cotas, determina que empresas com 100 ou mais colaboradores devem ter de 2% a 5% do seu quadro de funcionários composto por PcDs. A medida, no entanto, além de não dar conta de reduzir os níveis de desemprego entre esse grupo de profissionais, também não garante que eles sejam incluídos de maneira adequada na equipe, como explica Cíntia Santos, coordenadora de projetos do IEA (Instituto Ester Assumpção), organização que busca a inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. “É preciso promover uma cultura que valorize as diferenças individuais. E, para isso, é importante tratar o tema de maneira estratégica, promovendo ações que estimulem a acessibilidade e a inclusão. Isso demanda engajamento e uma mudança profunda de atitude por parte das empresas, iniciativas que culminam na valorização do potencial produtivo do trabalhador com deficiência e de seu papel no alcance dos resultados da organização”, afirma.
Assim como o IEA, que atua na inclusão de pessoas com deficiência nos mais diversos ambientes, incluindo no trabalho, outros grupos especializados também tentam mudar a realidade do mercado brasileiro. É o caso da Talento Incluir, consultoria que treina, seleciona e retém PcDs para empresas parceiras, como Mercado Livre, Gol e Bradesco, entre outras; da Egalitê, HRtech que facilita a conexão entre os contratantes e os profissionais com deficiência; e da Specialisterne, que atua na capacitação e na contratação de colaboradores com TEA (Transtornos do Espectro Autista).
Embora o caminho ainda seja longo em direção a uma realidade mais justa para esses profissionais, já existem companhias empenhadas em mudar essa realidade no país. Veja, na galeria de fotos abaixo, 5 exemplos de empresas que estimulam a contratação de profissionais com deficiência e trabalham para tornar seus ambientes mais inclusivos: