Como nas escolas, que adotaram aplicativos e plataformas para ensinar, as empresas vêm trazendo a gamificação para seus escritórios e treinamentos. “O mundo ao nosso redor tem muita informação, o que dificulta prender a atenção de uma pessoa”, diz Nuno Bouça, cofundador da XL Consultoria, responsável por desenvolver plataformas gamificadas para empresas como Heineken, Reckitt e Nestlé.
Nos três cases, os clientes desejavam soluções para integrar departamentos. Foram construídas plataformas específicas para cada um, mas na hora apresentar aos colaboradores o funcionamento de áreas diferentes, foi a hora de transformar a reunião em um grande game. Em um dos casos, foi feita uma réplica 3D de um escritório, em que o avatar de um colaborador passeava pelas áreas enquanto se falava de cada função. O diretor comercial, por exemplo, estava em uma cadeira no centro do escritório. “Para concluir um treinamento, era necessário ir até a sala de treinamento virtual, em que eram apresentados exemplos de decisão de gestão”, diz Bouça.
Jogos invadem o RH
Para acessar os conteúdos, o funcionário tem que baixar o aplicativo no celular e usar o código da empresa. Suvinil, iFood, Hyundai e Unilever estão entre as companhias que contrataram essa plataforma para que suas equipes utilizem.
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Na Gerdau, o primeiro treinamento, que aconteceu em 2017, envolveu 5 mil funcionários em 10 países. Mas de lá para cá seu uso foi ampliado e se tornou mais sofisrticado. Na época, os funcionários usaram óculos de realidade virtual para experimentar situações e aprender mais sobre segurança do trabalho. “Era algo muito novo e gerou bastante curiosidade”, diz Flávia Nardon, gerente global de cultura e desenvolvimento humano. A experiência levou a empresa a redesenhar processos para incluir a gamificação e a realidade virtual em eventos e no onboarding de funcionários.
Games para recrutamento e seleção
Os 600 estagiários que entram anualmente na siderúrgica usam uma outra plataforma gamificada. Eles ganham pontos conforme passam pelos estágios e conteúdos propostos, que envolvem desde habilidades emocionais até o funcionamento dos negócios da empresa.
Os jogos entram em cena também na segunda fase do programa, desenvolvida para a contratação e promoção de líderes. Em uma conversa pelo WhatsApp, eles têm que prestar consultoria para uma empresa fictícia. Durante a troca de mensagens, aparecem os desafios em que os candidatos têm que fazer escolhas.
Não há respostas certas ou erradas. A partir delas, os recrutadores da Gerdau traçam um perfil do candidato. “O que buscamos avaliar é se eles têm o perfil de liderança que procuramos”, diz Nardon.