De acordo com o Instituto de Saúde Mental dos EUA, o bem-estar e a saúde mental no trabalho continuam caindo em 2023. Uma pesquisa da consultoria Deloitte indica que 77% dos funcionários relataram esgotamento no emprego atual e, para 91%, sentimentos de estresse e frustração têm um impacto negativo na qualidade das suas entregas.
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No que parece ser um eterno cabo de guerra entre chefes e empregados, os líderes ainda não acertam no que diz respeito à saúde mental no local de trabalho. As lideranças impactam mais o bem-estar mental dos colaboradores (69%) do que terapeutas (41%) e tanto quanto um cônjuge ou parceiro amoroso, segundo estudo do Workforce Institute, que entrevistou mais de 3000 pessoas em dez países.
O que o chefe vai pensar?
Em 2021, um levantamento da agência internacional de pesquisa OnePoll mostrou que 62% dos profissionais americanos se preocupavam que seus chefes pensariam algo ruim deles se tirassem dias de folga para cuidar da saúde mental.
O estudo entrevistou 2.000 profissionais, e 57% disseram que a saúde mental não é um motivo bom o suficiente para tirar folga. Para outros 67%, é mais provável que apenas digam que têm “uma consulta” caso precisem de um tempo para se cuidar. Mais da metade (56%) dos entrevistados também sentiu que o seu empregador pensaria que eles são incapazes de realizar o trabalho se solicitassem licença para esse tipo de cuidado.
Por que as empresas continuam errando
- Ignorar as condições de bem-estar mental dos funcionários;
- Discriminar funcionários com problemas de saúde mental;
- Não discutir o tema de forma aberta e transparente;
- Não identificar as necessidades de saúde dos funcionários;
- Sobrecarregar os funcionários com tarefas de trabalho excessivas;
- Não testar a conscientização dos colaboradores sobre programas de saúde mental.
O relatório de julho de 2023 da ResumeLab entrevistou mais de 1.000 funcionários baseados nos EUA e descobriu que 60% se sentem discriminados por causa da sua condição de saúde mental. Um total de 68% estão preocupados que revelar esse tipo de problema possa prejudicar sua reputação profissional. E 49% relatam pressões de trabalho e 42% dizem que cargas excessivas causam problemas de bem-estar mental. Outras descobertas importantes incluem:
- 59% dos colaboradores consideram que o seu estado de saúde mental dificulta a progressão na carreira;
- 66% tiveram problemas de saúde mental relacionados ao trabalho nos últimos dois anos;
- 68% faltaram ao trabalho por causa de um problema de saúde mental;
- 60% dizem que sentem que o seu empregador ou colegas ignoram a sua condição de saúde mental;
- 31% concordam que a oportunidade de tirar dias de saúde mental afetaria positivamente o seu bem-estar.
“Esses dados confirmam que ainda existem medos e estigmas em torno da saúde mental no local de trabalho”, afirma Agata Szczepanek, especialista em carreiras da Resumelab.
Como as empresas podem melhorar
Ellen Rudolph, fundadora e CEO da WellTheory, plataforma de saúde inspirada na sua própria doença autoimune, acredita que os empregadores continuam no escuro sobre quais ações devem tomar. Ela identifica quatro maneiras de aumentar a conscientização e apoiar a saúde mental dos funcionários:
- Saúde mental é saúde física e saúde física é saúde mental. Os funcionários querem ações que reconheçam essa inter-relação sem tentar separar as duas;
- O bem-estar é uma escolha de estilo de vida a longo prazo. Os funcionários precisam de cuidados proativos e preventivos, em vez de “soluções rápidas”;
- Bem-estar mental e emocional, nutrição, exercícios físicos e sono são pilares da saúde. E trabalhar para empregadores que reconheçam e promovam esse equilíbrio é uma das prioridades dos profissionais;
- Problemas de saúde impedem que a Geração Z e a Geração Y se dediquem plenamente ao trabalho mais do que as gerações anteriores.
As companhias podem abordar o tema promovendo discussões com os funcionários sobre a importância do autocuidado, do equilíbrio entre vida pessoal e profissional e da desestigmatização das questões de saúde mental. Além disso, podem incentivar micropausas ao longo da jornada de trabalho e enfatizar a importância de folgas remuneradas, férias e dos programas de bem-estar.
Por último, as lideranças podem criar uma cultura em torno do assunto, desenvolvendo políticas formais para que todos os funcionários saibam qual é a posição da organização em relação ao assunto. Uma coisa é certa: qualquer ação que os líderes tomem para apoiar o bem-estar e a saúde mental dos funcionários aumentará os resultados financeiros da empresa no longo prazo.
*Bryan Robinson é colaborador da Forbes. Ele é autor de 40 livros de não-ficção traduzidos para 15 idiomas. Também é professor emérito da Universidade da Carolina do Norte, onde conduziu os primeiros estudos sobre filhos de workaholics e os efeitos do trabalho no casamento.