Por outro lado, o Fiagro abre oportunidade para aumentar a participação brasileira na B3. No ano passado, os investidores pessoas físicas cadastrados na B3 subiram 92%, mas ainda assim, apenas 3% da população brasileira investe em ações, número baixo quando comparado a países como Estados Unidos e Japão, com 55% e 45%, respectivamente.
Investidores poderão ter títulos do agro na sua carteira, similar ao que acontece hoje nos fundos imobiliários, abrindo a possibilidade de que pequenos, médios e grandes investidores possam investir no setor, democratizando o investimento.
Mas você pode estar se perguntando, o que é o Fiagro? É uma família de fundos de investimento construída no modelo dos famosos e populares Fundos Imobiliários (FII) que faz aplicações em investimentos imobiliários. O novo fundo é ainda mais flexível e atrativo visando estimular a entrada de investidores em ativos ligados ao agro e dos produtores rurais no mercado de capitais. Este tipo de fundo não é novidade, o mercado imobiliário já tem fundos que hoje são a grande fonte de financiamento para empreendimentos, mas é uma imensa quebra de paradigma dentro do setor do agro.
Além desses, há ainda teses de investimento em armazenagem e distribuição do agro, como compra de terras produtivas para alugar para fazendeiros cultivarem grãos ou criar animais, e projetos de arrendamento de terras para empresas de reflorestamento ou cultivo de mogno e madeira de lei.
A Lei nº 14.130/21 criou o Fiagro (Fundos de Investimento das Cadeias Produtivas Agroindustriais) e foi inserida dentro da Lei n. 8.668/93 que regula os FIIs. Com a derrubada dos vetos, foram reincorporados à lei trechos que preveem benefícios fiscais para os investidores, assegurando que os investidores pessoas físicas terão a mesma isenção dos investidores pessoas físicas de FIIs.
Do ponto de vista tributário, o Fiagro traz uma vantagem em relação aos FII: o diferimento do Imposto de Renda sobre ganho de capital na venda de imóveis rurais ao fundo, importante incentivo não apenas para o movimento da economia, mas para a própria regularização fundiária no país. O fundo poderá também atuar investindo em empresas de capital fechado da cadeia do agro, uma vantagem quando comparados aos FII, que não podem participar diretamente em negócios do setor, mostrando a polivalência do Fiagro.
Enquanto o setor imobiliário corresponde a 5% do PIB, o agronegócio corresponde a 26,6% e existe enorme potencial de crescimento, portanto, o Fiagro pode tornar-se o instrumento de financiamento do agro via mercado de capitais e um interessante investimento.
Helen Jacintho é engenheira de alimentos por formação e trabalha há mais de 15 anos na Fazenda Continental, na Fazenda Regalito e no setor de seleção genética na Brahmânia Continental. Fez Business for Entrepreneurs na Universidade do Colorado e é juíza de morfologia pela ABCZ. Também estudou marketing e carreira no agronegócio. E-mail: helen@fazendacontinental.com.br.
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