Resumo:
- A conversa surgiu em um evento chamado Fórum Sobre o Futuro da África, no Centro Africano de Harlem, em Nova York;
- De acordo com as Nações Unidas, a população africana alcançará o número de 2.4 bilhões de pessoas até 2050;
- Os bilionários acreditam que um dos primeiros passos é o polêmico controle populacional.
Bill Gates, a segunda pessoa mais rica do mundo; Aliko Dangote, o homem mais rico da África; e Mohammed “Mo” Ibrahim, um bilionário do Reino Unido nascido no Sudão, falaram sobre como a África pode alcançar seu potencial máximo nas próximas décadas. A questão foi pauta no evento do Centro Africano de Harlem, em Nova York, nesta semana.
Com o crescimento da população africana, o continente precisa criar postos de trabalho e suprir a demanda de alimentos, disseram os bilionários durante uma conversa no The Future Africa Forum (ou Fórum do Futuro da África). Ibrahim revelou que há um tópico controverso que pode ajudar a África a desenvolver de forma sustentável as comunidades e cidades: planejamento familiar.
De acordo com as Nações Unidas, a população africana alcançará o número de 2,4 bilhões de pessoas até 2050, o dobro da população de 2016. Gates diz que, para o final do século, é estimado que 50% dos recém-nascidos ao redor do mundo sejam de origem africana.
“Quando nossa economia cresce apenas 2%, estamos correndo em uma esteira ergométrica”, diz Ibrahim, explicando que as taxas de desemprego já estão altas, especialmente entre os jovens em países como a África do Sul. “Por que nós, africanos, não queremos falar sobre planejamento familiar?”
Gates reforça que a conversa sobre planejamento familiar é importante para colocar as coisas no lugar.
“Se você não for cuidadoso, qualquer um que ouvir isso sem contexto pode entender tudo errado”, afirma. Controle de natalidade têm sido, por muito tempo, um eufemismo para colonialistas e racistas, mas esses bilionários citam o que as pesquisas mostram: assim que um país se desenvolve economicamente e mais pessoas são educadas e migram para as cidades grandes, o crescimento populacional começa a entrar em declínio.
A melhor abordagem de planejamento familiar, especialmente em áreas rurais, é melhorar o acesso à saúde e educação, revela Gates. “Se você é um desastre nessas categorias, sua população só cresce. Mas assim que se toma o controle da situação, eventualmente a população começa a diminuir”, reforça. Uma vez que as pessoas adotam métodos de planejamento familiar como contraceptivos, outras questões ficam mais fáceis de lidar, adiciona.
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“Hoje em dia, a África tem o maior vácuo de informações sobre o que as pessoas querem no planejamento familiar e o que está disponível para elas. Melinda [Gates] está tentando preencher esse vácuo, assim tudo se torna mais fácil: educação, alimentação, estabilidade, emprego,” diz Gates.
Ibrahim foi além, explicando que os maiores problemas sociais, como fundamentalismo e violência, são produtos de quando o crescimento populacional ultrapassa a oferta de empregos. “Se você tem dois filhos, você pode educá-los. Mas, se você tem de sete a oito e está sem emprego, você tem um Boko Haram em casa,” disse, fazendo uma referência a organização jihad terrorista da Nigéria.
Em muitas partes rurais da África, ter famílias grandes é a norma. Em núcleos familiares que moram em fazendas, ter mais crianças significa mais ajuda nos trabalhos braçais. E, como o acesso a saúde pode ser precário em alguns desses lugares, com poucos médicos para atender a população, não é incomum crianças morrerem muito jovens. Com o aumento do status econômico para as pessoas, as mulheres tendem a ter menos filhos.
A conversa alcançou também outros assuntos, desde como o investimento em agricultura pode ajudar a África a criar empregos e manter o dinheiro dentro do país, até o quanto a corrupção pode ser diminuída pela nova geração de líderes.
No início do evento, foi anunciado que Dangote, por meio de sua fundação, doará US$ 20 milhões para ajudar a finalizar a última fase do Africa Center, museu que será localizado em Nova York. O local será agora conhecido como o Africa Center no Aliko Dangote Hall. Também foi anunciada uma doação de US$ 5 milhões da Fundação Bill e Melinda Gates para o local. Ibrahim, por meio da Ibrahim Family Foundation doou US$ 7 milhões para o centro.
A certa altura, Dangote mencionou o fato de que não assinou o The Giving Pledge, compromisso filantrópico lançado por Gates e Warren Buffett, no qual bilionários prometem doar pelo menos metade de sua fortuna a causas beneficentes. Segundo ele, como muçulmano, ele só pode doar menos de um terço de sua riqueza. Ibrahim não acreditou e perguntou a um líder religioso que estava sentado na plateia se o que Dangote disse era verdade.
O emir explicou que, segundo a lei islâmica, um muçulmano pode doar 100% de sua fortuna quando estiver vivo. Mas um não poderá designar mais de um terço de sua fortuna para pessoas fora de sua família.
A plateia riu quando Dangote foi corrigido.
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