Esse cenário desolador é visto também em outros países do mundo. Nos EUA, por exemplo, quase 30% dos norte-americanos disseram apresentar sintomas de depressão no final de julho, comparados aos 6,6% de 2019, de acordo com um levantamento recente (Household Pulse Survey) realizado pelo National Center for Health Statistics em parceria com o Census Bureau. Os casos de ansiedade chegaram perto de 36%, comparados aos 8,2% do ano passado.
O que esses dados ajudam a mostrar é que o medo da perda do emprego, de renda e dos negócios, e a ansiedade gerada pela preocupação com a nossa vida e com a de nossos entes queridos se espalhou tão rapidamente quanto o coronavírus. O temor e a insegurança quanto ao futuro foi o estopim para o crescimento avassalador de transtornos mentais.
São esses indivíduos estressados, fragilizados – alguns até “quebrados” emocional e psicologicamente – que começam a retornar aos escritórios, às plantas ou que têm de dar conta de metas, executando tarefas em casa com família e filhos compartilhando espaço.
A pandemia ainda está longe de estar sob controle e a real dimensão do impacto dela em nossos corpos e mentes só deverá ser avaliada e divulgada em alguns anos; porém, como médico, não tenho medo de afirmar que, por todos os motivos que acabei de expor, a saúde mental deverá ser o tema de maior relevância médica deste século.
Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
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