O que leva um adulto a agredir uma criança ou um idoso, justamente as faixas de população que merecem atenção especial porque são mais frágeis e têm praticamente nenhuma capacidade de defesa? No caso de crianças e de idosos, geralmente quem comete essa violência é um conhecido, alguém em quem esses grupos de pessoas confiam: os próprios pais ou padrastos/madrastas, filhos ou cuidadores (no caso de idosos). A violência não é exclusivamente física. Ela pode ser verbal, moral e psicológica. Machuca e tem o potencial de causar tanto trauma quanto a agressão física.
O que passa na cabeça desses agressores? Para a psiquiatria, esse é considerado um dos grandes desafios. No campo da saúde mental, não existe mais a ideia de que ou há ou não há uma doença mental. Hoje, se fala num enorme guarda-chuva que abarca todos os casos. Numa ponta, temos quem, de fato, tem um transtorno mental gravíssimo, no qual se inclui ouvir vozes, ter alucinações ou mesmo o desejo de se matar.
São pessoas que muitas vezes não têm empatia nem remorso depois de cometer um ato de violência, dão pequeno valor à vida e à moral. Deixemos claro: esse não é necessariamente o caso do adulto a quem a polícia investiga pela morte da criança e ao qual é preciso investigar. É, entretanto, uma das formas como a psiquiatria muitas vezes explica casos de violência contra pessoas mais vulneráveis sem que, aparentemente, o agressor tenha se incomodado com isso ou tenha expressado qualquer arrependimento.
Há tratamento que possa fazer com que essas pessoas sejam mais empáticas, menos sádicas? Nem sempre. A verdade é que os especialistas ainda estudam o que faz alguém ser “bom” e não “mau” ou “cruel”. Há muitas teorias diferentes, nenhuma delas é consenso ainda. Creio que, como cidadãos, precisamos estar atentos a esse tipo de comportamento e denunciar qualquer tipo de violência cometida contra terceiros.
Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
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