Um desses retornos – e que existe há milhares de anos – é usar da comida como uma forma de compensar ou reduzir esse desconforto. Para além de uma necessidade fisiológica – precisamos comer para nos mantermos vivos -, os alimentos também são fonte de prazer.
Há muitos estudos que mostram que existe uma relação entre ansiedade e comer em excesso. Não são, na imensa maioria das vezes, alimentos saudáveis o que as pessoas buscam, mas o que se chama de calorias vazias: alimentos extremamente calóricos, como chocolate, refrigerante, bebidas alcoólicas, salgadinhos etc. Junto com a ansiedade, vem o sobrepeso e a obesidade. Isso é um tiro no amor que aquela pessoa tem por si mesma. E ela come ainda mais, para tentar dar uma solução à sua baixa estima e à angústia que ela sente. Cria-se um círculo vicioso que traz uma série de problemas, inclusive de saúde.
Dá para romper esse círculo vicioso? Claro que sim. A primeira providência é procurar tratar a ansiedade. Quando ela é tratada de forma adequada, desaparecem todas as complicações que ela traz, entre as quais má qualidade do sono e comer em exagero. Outra dica é procurar identificar possíveis gatilhos que podem estar levando você a descontar na comida. Se você percebe que começa a comer um pacote de batata frita quando se sente chateado pelas notícias que circulam na internet, talvez seja uma boa hora de reduzir as horas vasculhando as redes sociais.
Mas a melhor recomendação é associar uma alimentação mais saudável com a prática de exercícios. Pode não ser tão fácil no início, mas pode apostar que você dormirá melhor, a sua ansiedade ficará sob controle, você perderá peso, se sentirá bem e terá mais qualidade de vida.
Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
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