Como quebrar no esporte pode te ensinar sobre quebrar na vida

5 de outubro de 2021
claudio.arnese/Getty Images

Quebrar, na vida e no esporte, talvez seja o menos importante. O ponto chave é como reagimos a essa situação

Eu já falei algumas vezes neste espaço que sou esportista. Não sou um atleta mais forte, digamos assim, por conta da minha idade. Mesmo assim, trabalhei duro para completar 16 maratonas, 5 IronMan e 24 meio IronMan. O Iron, para quem não conhece, é tido como um dos esportes de longa distância mais desafiadores, exigindo dos esportistas treinamento pesado e bastante disciplina.

Ainda que eu seja uma pessoa disciplinada e tivesse seguido à risca o que o meu técnico havia me orientado, eu quebrei algumas vezes durante a prova. Quebrar, no esporte, é quando, apesar de você ter treinado direitinho, de você ter feito tudo para conseguir aquela meta, ter se alimentado corretamente, por algum motivo, durante a competição que você se programou para participar, de repente, sem nenhum aviso, você não consegue continuar. O seu corpo não consegue responder às solicitações da sua mente e você é obrigado a desistir.

LEIA TAMBÉM: 3 dicas para a liderança lidar com um colaborador que desafia a sua autoridade

Acontece que não quebramos apenas no esporte. Podemos quebrar no trabalho, situação que é conhecida como burnout. Podemos quebrar também nos relacionamentos pessoais e amorosos, nas nossas crenças religiosas e espirituais.

O que fazer? No esporte, é o técnico – e não o médico – quem ajuda o atleta a se reprogramar para que ele consiga conquistar novas metas. E na vida? Quem nos ajuda a nos reprogramarmos? Acredite, somos nós mesmos.

Mesmo no caso do atleta, quem reorienta é o técnico, mas quem trilha o caminho de volta é o próprio atleta. Não é fácil, é claro. Mas pode ser feito. Quebrar, na vida e no esporte, talvez seja o menos importante. O ponto chave é como reagimos a essa situação. É a nossa atitude quando nos vemos quebrar que conta.

Temos ferramentas para seguir em frente: força de vontade, resiliência, proatividade. Quebrar não significa que a vida acabou. É apenas um dos muitos obstáculos que a vida nos apresenta. É preciso sobrepujá-los porque a vida sempre reserva oportunidades para quem consegue ultrapassar barreiras.

Quando eu quebrei – e não foi uma única vez -, eu precisei aprender a começar de novo. E o recomeço me trouxe uma série de aprendizados. Um deles foi o de que muitas vezes não conseguimos realmente dar conta do recado. E tudo bem. O importante é tirar lições dos obstáculos que a vida nos coloca.

O ativista americano Martin Luther King tem uma frase de que gosto muito e que resume bem o que eu quero dizer: “Se você não pode voar, então corra; se você não pode correr, então ande; se você não pode andar, então rasteje, mas faça o que fizer, você tem que seguir em frente.”

Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.

Siga FORBES Brasil nas redes sociais:

Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn

Siga Forbes Money no Telegram e tenha acesso a notícias do mercado financeiro em primeira mão

Baixe o app da Forbes Brasil na Play Store e na App Store.

Tenha também a Forbes no Google Notícias.