Investimento ESG compartilhado em sistemas alimentares: o caso da Positive Brands

19 de janeiro de 2021
Mayur Kakade/Getty Images

A adoção de dietas baseadas em vegetais requer menos uso de terras, produz menos gases de efeito estufa e exige menos uso de água

Alimentação é um assunto bastante complexo e gênero de primeira necessidade. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), em todo o mundo, mais de 10% das pessoas passam fome, cerca de 25% estão acima do peso ou obesas e outros 25% carecem de micronutrientes, podendo estar sub ou superalimentadas.

O fato é que se alimentar abrange muito mais do que o simples ato de comer. Muito antes de chegar às prateleiras dos supermercados, o processo de produção de alimentos desencadeia múltiplos fatores que afetam nosso tempo e qualidade de vida no planeta.

Com a população global prevista para alcançar 10 bilhões de pessoas até 2050, faz sentido o questionamento de como haverá alimento para todo mundo. Aliás, uma pergunta ainda mais interessante é: como fazer isso sem causar mais danos ao planeta?

Ao supor que mais comida significa menos fome e mais riquezas significam mais saúde – já que rendas maiores permitem que as pessoas comprem mais comidas –, a sabedoria convencional adotou a quantidade como a solução para o problema da fome.

Contudo, as tendências em longo prazo revelam que a equação não é tão direta.

Embora se tenham reduzido consideravelmente a pobreza, de 1990 a 2015, os esforços para acabar com a fome não foram tão bem-sucedidos. Após décadas de declínio constante, mas leve, ela voltou a aumentar em 2015, dessa vez acrescida da desnutrição, uma nova preocupação crescente.

Atualmente, 60% das dietas derivam de apenas três culturas de cereais: arroz, milho e trigo, resultado das práticas de plantações geneticamente uniformes e de alto rendimento adotadas pelos agricultores. Consequentemente, quase uma em cada três pessoas sofre de algum tipo de desnutrição.

A adoção de dietas baseadas em vegetais requer menos uso de terras, produz menos gases de efeito estufa e exige menos uso de água, além de também desempenhar um papel importante na redução de doenças crônicas – como doenças cardíacas, derrames, diabetes e câncer – e de custos associados a tratamentos e a perda de renda. Além disso, com a estimativa global de doenças crônicas projetada para atingir 56% até 2050, as dietas desempenharão um papel cada vez mais importante na gestão econômica.

Assim, há uma oportunidade de investimentos sustentáveis na reformulação de sistemas alimentares para suprir as necessidades de 10 bilhões de pessoas de maneira segura e sustentável. Até porque é essencial a mudança de comportamento por parte dos consumidores, no sentido de adotarem dietas saudáveis e sustentáveis.

O investimento ESG, por certo, acelera o desafio posto pela FAO de criar “um mundo sem fome e desnutrição, onde a alimentação contribua para melhorar os padrões de vida de todos, especialmente dos mais pobres, de maneira econômica, social e ambientalmente sustentável”.

Um caso relevante de uma jornada exitosa de investimentos socioeconômicos que deve ser compartilhado é a Positive Brands. Há no seu código genético uma visão clara do papel do negócio como agente de mudança, tanto na produção, no local de trabalho, como na sociedade.

A Positive Brands nasceu em 2015, em Fortaleza, com a criação da marca “A tal da Castanha” de bebidas vegetais extraídas da castanha de caju, e de investimentos ESG da empresa Amêndoas do Brasil e do Grupo 3 Corações.

Toda a atuação da Positive Brands é pautada na reformulação do sistema alimentar atendendo ao bem-estar das pessoas e das suas relações com seus territórios.

No caso do leite vegetal “a tal da castanha”, a mudança se verifica desde a produção da castanha de caju, onde se realiza um trabalho junto ao fornecedor levando assistência técnica e auxiliando-os na obtenção de certificação orgânica até a destinação final das embalagens onde possui um acordo de compensação de 100% dos materiais que coloca no mercado. O objetivo é trilhar um caminho para que em alguns anos todo seu consumo de embalagens esteja dentro de um modelo circular deixando de consumir material virgem e ajudando assim a diminuir os resíduos no planeta.

Ações rápidas e objetivas, aqui referido como impacto ESG decorrente do investimento na Positive Brands, são exemplos estratégicos para garantir a sustentabilidade dos sistemas de alimentação no longo prazo. O futuro é incerto, mas para agir agora, precisamos ter um bom senso de como o mundo pode parecer sob caminhos potencialmente diferentes.

Haroldo Rodrigues é sócio-fundador da investidora in3 New B Capital S.A. Foi professor titular e diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Universidade de Fortaleza e presidente da Fundação de Amparo a Pesquisa do Ceará.

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