Não há fórmula que transforme alguém em colecionador de arte do dia para a noite, mas o fato é que o colecionador brasileiro amadureceu muito nos últimos anos. Ele participa nos eventos do meio, frequenta galerias, museus, bienais, feiras de arte. Entende das nuances do mercado e se expressa nos jargões, muitas vezes herméticos, do meio. É um grupo de gente apaixonada por arte com coleções respeitáveis, atenta ao que acontece no cenário das artes no país e nos principais centros internacionais.
Foram as pinturas de nossos mestres do modernismo que atraíram a maioria dos colecionadores a dar o primeiro passo no colecionismo das artes plásticas para depois enveredar no território da arte contemporânea. Em geral, a vontade de decorar as paredes de casa é o que move o impulso inicial. Mas para alguns só isso não basta e são estes que possuem o indômito espírito do autêntico colecionador. Pesquisam sobre os artistas e o mercado, desenvolvem relações entre as obras de suas coleções adquirindo mais trabalhos de um determinado estilo, tema, mídia (material) ou mesmo de um artista ou grupo de artistas. Com isso acabam desenvolvendo ramificações da coleção inicial, nuclear, dando ao investimento um outro contorno.
É nesse ponto que o ato de colecionar ganha uma nova configuração. De hobby passa a ser uma atividade regular com conversas com especialistas, leitura dos veículos especializados e responsabilidade na conservação das obras. Chegam os pedidos de empréstimo de trabalhos para exposições em museus e instituições onde seu nome também se transforma em assinatura como “Coleção de…” nos livros e catálogos, e ainda é convidado para figurar nos conselhos dos museus. Atingindo este patamar, o nome do colecionador se torna uma referência, admirado por outros colecionadores e respeitado na sociedade. É a grande aventura de colecionar arte.
Com coautoria de Cynthia Garcia, historiadora de arte [email protected]
Nara Roesler fundou a Galeria Nara Roesler em 1989. Com a sociedade de seus filhos Alexandre e Daniel, a galeria, uma das mais expressivas do mercado, ampliou a atuação abrindo espaços no Rio de Janeiro, em 2014, e no ano seguinte em Nova York.
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