No ponto: Português, graças a Deus

27 de agosto de 2021
Peter Dazeley/Getty Images

Será que você precisa mesmo usar a palavra budget ou pode falar orçamento?

Lá vou eu escrever novamente sobre este assunto, já que o brasileiro parece não me dar alternativas. E, desta vez, evocarei Ariano Suassuna: “Graças a Deus que eu nasci em um país que fala português”. Pois é, leitor, sinto lhe informar, mas a língua oficial do Brasil é a portuguesa, não a inglesa.

Isso significa que você não vai fazer uma call, mas uma ligação. Também quer dizer que você não tem um job complicado pra executar hoje, mas um trabalho complicado. E, se você estiver com a corda no pescoço, você não estará na sua deadline, mas no fim do seu prazo.

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Pior ainda é o coleguinha que consegue misturar dois anglicismos na mesma frase: “Preciso do budget para dar um start no projeto”. Oi? Você carece mesmo é do orçamento para começar o projeto. E de um bom dicionário da língua portuguesa.

É necessário mudar a mentalidade (e não o mindset, por favor) do brasileiro. Quando usamos termos estrangeiros excessivamente, deixamos de lado um dos princípios básicos de uma boa comunicação, a clareza. Fora a pieguice que há nessa predileção desmedida pelo inglês, o qual não chega nem perto, em envergadura e em beleza, do nosso idioma.

Ao celebrar o privilégio de usufruir da língua portuguesa como idioma pátrio, Suassuna não se referia apenas à riqueza vocabular do português, mas à vasta possibilidade comunicativa de que dispomos. Talvez, apropriando-se do que linguisticamente lhe pertence, leitor, você também dê graças a Deus. É o que lhe desejo.

Até a próxima semana.

Cíntia Chagas é uma professora que sempre leva humor e conhecimento ao público. Escritora de dois best-sellers da editora HarperCollins, ela coleciona milhares de alunos nos cursos virtuais que ministra. Palestrante e instagrammer, provou que irreverência, humor e educação podem e devem andar juntos.

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