Como a Riot fomenta inclusão em uma das principais funções dos e-sports

14 de agosto de 2023

Maria Julia “Fogueta” Junqueira, caster e apresentadora, e Layze “Lahgolas” Brandão, caster e idealizadora da Revelah Casters, durante a transmissão de uma partida do Campeonato Brasileiro de League of Legends

A narração profissional é indispensável para o sucesso de uma competição. O espectador já está acostumado com a sensação de ser guiado no decorrer de uma partida por aquela voz carismática e potente. Nas competições online, em especial nos e-sports, ou jogos eletrônicos, isso não é diferente. Mas é preciso trocar o termo “narrador” por “caster”.

Os casters são profissionais treinados e capacitados para narrar, comentar, analisar e animar o público durante os campeonatos de e-sports. Com o crescimento do mercado brasileiro de games, que em 2022 movimentou US$ 2,4 bilhões no Brasil e, até 2024, globalmente, vai ultrapassar US$ 220 bilhões, surgiu também a necessidade de mais pessoas qualificadas e profissionalizadas.

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Em março deste ano, a Pesquisa Game Brasil (PGB), divulgada pelo SX Group e Go Gamers, em parceria com a Blend New Research e ESPM, mostrou que os games – e e-sports – tornaram-se opção relevante de carreira e formação no Brasil. O levantamento constatou que 58,3% dos gamers acreditam que o setor de jogos eletrônicos no país oferece boas oportunidades de carreira.

Confira 6 perfis do gamer brasileiro:

O QUE MAIS ESTÁ ACONTECENDO NO ECOSSISTEMA Ambev e Nubank lançam projeto inédito para o público gamer A Ambev uniu-se ao Nubank para criar o projeto Good Game WP, que tem o objetivo de ser uma das maiores iniciativas para o público gamer do país. O circuito vai de agosto a dezembro, com conteúdos exclusivos produzidos para a Twitch e o YouTube e campeonatos online. Serão abordados os principais lançamentos, tendências gamers, jogos retrô e tudo sobre o ecossistema gamer: cosplays, HQs, jogos de tabuleiro, filmes e produtos. A programação trará, ainda, campeonatos de LoL, CS:GO, Free Fire e Valorant, com premiação de R$ 200 mil em dinheiro e a transmissão de um grande show após as finais.more
Garena Free Fire logo displayed on a phone screen is seen in this illustration photo taken in Krakow, Poland on January 23, 2022. (Photo by Jakub Porzycki/NurPhoto via Getty Images)
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Tendo em vista o cenário promissor da categoria, por que não abrir espaço para grupos minorizados? Esse foi o questionamento levantado pela Riot Games, desenvolvedora de jogos como League of Legends e Valorant, que lançou, no último mês, uma parceria com a Revelah Casters, projeto de desenvolvimento de mulheres cis, trans e pessoas não-binárias na atuação como casters. O objetivo: capacitar a comunidade LGBTQIA+ por meio de workshops.

Por que diversidade nos games é importante?

A diversidade no universo gamer, principalmente do lado interno das empresas, é essencial no combate ao bullying virtual. Além de criar possibilidades em prol de jovens profissionais e entusiastas que não eram representados e acolhidos. Layze “Lahgolas” Brandão, caster e idealizadora da Revelah Casters, conta que recebe “muitas mensagens de pessoas que começaram a ter o sonho de serem casters” por vê-la nas transmissões. “Esse é um grande indicativo da importância da representatividade e de ter pessoas diversas dentro dos e-sports.”

Maria Julia “Fogueta” Junqueira: “a iniciativa possibilita aos participantes atuarem até mesmo fora do ecossistema dos jogos online”

Carlos Antunes, head de e-sports da Riot Games no Brasil, comenta o propósito da ação: “Todo ano a Riot faz uma série de ativações com o objetivo de celebrar a comunidade LGBTQIA+ dentro do mundo gamer. Em 2023, nós demos alguns passos a mais. Decidimos não só celebrar, mas também incluir. Quando se trata de inclusão, não existe teoria, precisamos ter essas pessoas internamente.”

Conteúdo e vivências profissionais

O projeto iniciou sua parte prática na primeira quinzena de julho e tem a última sessão no dia 20 de agosto. Durante os encontros, as 50 pessoas selecionadas têm acesso a conteúdos divididos em três módulos ministrados por profissionais experientes da indústria dos e-sports.

Fogueta e Lahgolas com as participantes do workshop oferecido pela Riot Games em parceria com a Revelah Casters para capacitar a comunidade LGBTQIA+

De acordo com a PGB, das áreas que os jogadores são mais otimistas com oportunidades de emprego, destacam-se criação de conteúdo (68,3%); publicação ou marketing (68%); programação (66%); efeitos visuais (65,7%); e arte, ilustração ou animação de jogos (65%): formações contempladas pela iniciativa.

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Para Maria Julia “Fogueta” Junqueira, caster e apresentadora de e-sports, a iniciativa possibilita aos participantes atuarem até mesmo fora do ecossistema dos jogos online. “Você pode trabalhar como apresentador, social media, jornalista, fazendo transmissões, sendo juiz de campeonato, etc…. Enfim, existe uma gama de funções que ainda podem ser exploradas nos e-sports.”