“Brasil tem muita reserva, inclusive em percentual do PIB (Produto Interno Bruto) a reserva subiu porque desvalorizou mais do que o que foi vendido”, afirmou ele, a respeito do estoque que está hoje em US$ 343 bilhões, frente a US$ 357 bilhões no início do ano.
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Campos Neto ressaltou que o Brasil tem espaço fiscal menor do que alguns países que anunciaram programas grandes de enfrentamento à crise e reconheceu que, em meio a esse quadro, o risco ligado ao país acabou subindo.
Ele destacou que o Brasil não tem o luxo de ter muito espaço fiscal, razão pela qual há piora rápida nos preços dos ativos quando o mercado entende que a saída dos trilhos não vai ter volta.
“Se for tentada uma solução onde você vai atingir um novo equilíbrio fiscal muito pior permanente, os mercados vão punir, os investidores vão punir o Brasil de uma forma que a gente vai voltar para o equilíbrio antigo, que é um equilíbrio de juros altos”, disse.
Mesmo assim, ele ponderou preferir dar dinheiro para todos no país conseguirem honrar seus contratos, o que pioraria as contas públicas, a um cenário de quebra indiscriminada de contratos.
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O presidente do BC alertou que há projetos parlamentares sobre o tema e decisões judiciais que respaldam essa prática, mas que o caminho seria extremamente danoso para a retomada.
De acordo com Campos Neto, o BC deve anunciar nas próximas semanas novas medidas, mais voltadas para o direcionamento do crédito. Ele avaliou que o sistema está com liquidez, mas que é preciso fazer com que o dinheiro chegue na ponta.
Sem dar detalhes, ele afirmou que haverá uma iniciativa voltada para o mercado imobiliário.
Em relação a ações já adotadas, Campos Neto reconheceu que não está havendo saída muito grande nos Depósitos a Prazo com Garantia Especial (DPGE), e que o BC está fazendo ajuste no programa.
Campos Neto rebateu críticas de que os bancos não estão emprestando, ao afirmar que as instituições financeiras estão sim aumentando concessões. Mas ele admitiu que esse crescimento se dá mais para as grandes empresas.
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Em outra frente, ele ponderou que, como a demanda de crédito saltou pela falta de previsibilidade de fluxo de caixa das empresas, mesmo que os bancos fechem mais financiamentos elas seguirão com a sensação de não estarem sendo atendidas.
Segundo o presidente do BC, a atuação da autarquia na compra de títulos públicos, possibilidade aberta pela Proposta de Emenda à Constituição do Orçamento de Guerra, será pautada pela estabilização de mercado no tocante à curva de juros, balanceando a negociação de papéis curtos e longos.
“A gente acha que não deveria embarcar em nada além disso até termos certeza que não temos mais potência em política monetária”, afirmou. “E se, em algum momento, for entendido que não tem mais potência em política monetária e que nós precisamos fazer algo além, aí vai surgir a conversa do que podemos fazer além disso com os instrumentos que nós temos.”
ECONOMIA
Para o desemprego, contudo, ele adiantou expectativa de uma taxa acima de 15% como consequência da crise.
Campos Neto destacou que tanto entre países que não adotaram lockdown quanto entre aqueles que já estão relaxando medidas restritivas a volta ao consumo de serviços está “bem lenta”, já que o medo ainda é predominante e tem sido uma variável importante no comportamento das pessoas. (Com Reuters)
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