O dólar saltou mais de 3% ante o real hoje (24), puxado por dia de forte aversão a risco no mundo diante de renovados temores sobre impactos econômicos do Covid-19 e depois de os EUA reacenderem preocupações sobre guerra comercial.
O dólar à vista subiu 3,33%, a R$ 5,3246 na venda. É a maior valorização percentual diária desde 18 de março de 2020 (+3,94%). Na B3, o dólar futuro tinha alta de 3,34%, a R$ 5,3260, às 17h13.
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O real liderou com folga as perdas entre as principais moedas nesta sessão, mas o dólar subia forte também contra peso mexicano, dólar neozelandês, coroa norueguesa e rublo russo –todas divisas de maior risco e correlacionadas a commodities, assim como a brasileira.
Como o número de novos casos de coronavírus saltou em muitas áreas dos Estados Unidos, os governadores de Nova York, Nova Jersey e Connecticut –antes no epicentro do surto– anunciaram que exigirão quarentena de visitantes de Estados com altas taxas de infecção por Covid-19. O índice S&P 500 da Bolsa de Nova York recuou 2,6%, segundo dados preliminares.
Não bastasse o receio sobre o coronavírus, os Estados Unidos estão considerando alterar as tarifas de vários produtos europeus como parte da disputa de aeronaves dos parceiros comerciais, de acordo com um aviso do Gabinete do Representante Comercial dos EUA ontem (23).
“Ainda vamos ter muitos soluços nos mercados no curto prazo”, disse Adriano Cantreva, sócio da Portofino Investimentos. Para ele, o cenário de médio e longo prazo ainda aponta real em desvalorização, para patamares perto da faixa entre R$ 5,50 por dólar e R$ 5,75 por dólar.
“Não há grandes fatores para justificar apreciação do real. No passado tínhamos os juros mais altos, hoje não mais. O real tem de andar com as próprias pernas, mas andar com as próprias pernas significa maior diferencial de crescimento a favor do Brasil, e nisso vemos o país em desvantagem”, completou.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) piorou de forma expressiva sua estimativa para a contração da economia brasileira em 2020, passando a ver retração de 9,1%, contra recuo de 5,3% previsto em abril. Se confirmado, seria o pior resultado da série história que começou em 1900. O FMI também revisou para baixo estimativas para a economia global.
Enquanto isso, o Brasil segue perdendo dólares, segundo dados do fluxo cambial, os quais mostraram saída líquida de US$ 2,369 bilhões no acumulado entre os dias 15 e 19 de junho. Em 2020, o déficit na conta do fluxo cambial contratado é de US$ 12,580 bilhões, contra resultado positivo de US$ 3,507 bilhões no mesmo período de 2019.
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Dados parciais do BC mostraram também entrada líquida de investimentos estrangeiros em carteiras negociadas no mercado doméstico em junho até 19, mas o chefe do departamento de Estatísticas da autarquia, Fernando Rocha, avaliou ainda não ser possível falar em inflexão de saídas expressivas em meses anteriores em meio à crise do coronavírus.
No relatório mensal da dívida, também divulgado nesta quarta, o Tesouro Nacional informou que a participação dos investidores estrangeiros na dívida mobiliária interna caiu a 9,11% em maio, sobre 9,36% no mês anterior, a menor desde 2009. (Com Reuters)
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