Em dia de otimismo global, risco fiscal e vacinas pressionam o Ibovespa

20 de janeiro de 2021

O Ibovespa encerrou o dia em campo negativo, com o cenário doméstico falando mais alto que o otimismo observado no exterior na sessão. A preocupação com o atraso no calendário da vacinação e seus possíveis impactos na atividade econômica em 2021 puxaram o índice brasileiro para queda de 0,82% aos 119.646 pontos

Já nos mercados globais, os principais benchmarks fecharam o dia em máximas recordes, impulsionados pela temporada de balanços corporativos e pela expectativa de maior apoio fiscal para a recuperação econômica dos EUA com a posse hoje do presidente Joe Biden. O pacote de US$ 1,9 trilhão divulgado na última semana deve ser proposto oficialmente ao Congresso norte-americano nos próximos dias. O índice Dow Jones terminou o dia em alta de 0,83% aos 31.188 pontos, o S&P 500 avançou 1,39% aos 3.851 pontos e o Nasdaq Composite disparou 1,97% aos 13.457 pontos na sessão.

No Brasil, o mercado segue às voltas com temores de criação de novas despesas. A percepção de que a imunização contra a Covid-19 será lenta e sujeita a reveses eleva os receios de maior pressão por gastos fiscais.

“A equipe econômica vai ter muito trabalho para não deixar explodir a panela de pressão das demandas por mais auxílio emergencial”, disse Marcos Mollica, gestor de fundos multimercados do Opportunity, acrescentando que “a popularidade do presidente da República em queda em meio ao crescimento exponencial da Covid-19, vacinação lenta e desemprego alto criam ambiente político difícil para a ala fiscalista.”

Para o estrategista Dan Kawa, da TAG Investimentos, na falta de um plano concreto de vacinação e ajuste fiscal, o país permanecerá em situação mais frágil e sensível do que os seus pares, com claras consequências negativas para os ativos locais.

Governadores de todos os Estados e do Distrito Federal pediram hoje em ofício ao presidente Jair Bolsonaro para que haja “diálogo diplomático” entre o governo brasileiro e os países provedores de insumos para fabricação de vacinas contra Covid-19, como a China e a Índia, a fim de assegurar a continuidade do programa de imunização do país. Os Estados começaram a vacinação de grupos prioritários, mas a expectativa é de que a imunização só deslanche com a fabricação no país das vacinas CoronaVac, pelo Instituto Butantan, e da AstraZeneca-Oxford, pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Mais cedo, a Fiocruz adiou de fevereiro para março a entrega das primeiras doses da vacina da AstraZeneca a serem produzidas localmente, o que limitará a quantidade de doses para a imunização dos grupos de risco e diminuirá o ritmo da campanha de vacinação iniciada nesta semana no país. A Fundação esperava entregar o primeiro 1 milhão de doses da vacina entre 8 a 12 de fevereiro, mas o calendário contava com a chegada em 9 de janeiro do insumo a ser importado da China.

Após encontro com o embaixador da China, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que a exportação dos insumos para o Brasil esbarra apenas em aspectos formais – e não políticos.

O dólar terminou o dia em queda, com o real surfando nos ganhos de moedas emergentes e outros ativos de risco. A expectativa pela sinalização de política monetária do Banco Central brasileiro também esteve no radar dos operadores, com muitos analistas acreditando que o BC possa preparar nesta quarta o terreno para retomada de alta de juros, o que tenderia a beneficiar a moeda brasileira. A divisa norte-americana terminou a sessão recuando 0,59% e negociada a R$ 5,31 na venda. (Com Reuters)

DESTAQUES DO IBOVESPA

Maiores Altas
BTOW3: +8,53% a R$ 87,50
MGLU3: +5,56% a R$ 25,42
LAME4: +4,06% a R$ 25,65
HGTX3: +1,80% a R$ 17,01
VVAR3: +1,75% a R$ 14,57

Maiores Baixas
PRIO3: -3,66% a R$ 70,81
EMBR3: -3,27% a R$ 9,61
SANB11: -2,56% a R$ 41,87
CMIG4: -2,40% a R$ 13,84
NTCO3: -2,27% a R$ 50,02

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