Dos Beatles aos clássicos da Broadway: os 5 catálogos musicais mais valiosos do mundo
Ariel Shapiro
7 de junho de 2021
Getty Images
Entre os catálogos de publicação de músicas, John Lennon e Paul McCartney, dos Beatles, são donos do mais valioso do mundo, no valor de US$ 500 milhões
O videoclipe do single “7 Rings” é clássico da Ariana Grande. A pop star de 27 anos rebola, posa e desfila com um pelotão de garotas cobertas com joias ao redor de uma casa cercada de peles, diamantes e uma torre de champanhe que se espatifa no chão. É um espetáculo cativante que foi visto no YouTube quase um bilhão de vezes. Mas em seu cerne está uma música de um estilo e época muito diferentes: o nostálgico e virtuoso hit “My Favorite Things”, do musical de 1959 da Broadway de “A Noviça Rebelde”, com sua melodia característica que é impossível de não cantarolar junto.
É provável que boa parte desses um bilhão de espectadores não tenha ideia de quem escreveu a música que inspirou Ariana ou mesmo de onde ela veio. Mas eles certamente podem cantar seu refrão sem errar um verso – e por isso podem agradecer a Richard Rodgers e Oscar Hammerstein. “My Favorite Things” é a música mais lucrativa de “A Noviça Rebelde”, o show de maior sucesso da dupla.
Apesar dos compositores terem morrido há 40 e 59 anos, respectivamente, a empresa que é dona dessa e mais 240 outras músicas que os dois escreveram juntos está faturando milhões. Não apenas de “A Noviça Rebelde” (embora cinco de suas 10 canções mais lucrativas sejam do espetáculo), mas de outros 10 musicais, incluindo “Oklahoma!”, “O Rei e Eu” e “Ao Sul do Pacífico”. Suas músicas e shows geraram uma receita de US$ 40 milhões em 2019, ao cobrar taxas e royalties de grupos de teatro locais, empresas como Volvo e Frito-Lay que as usam em comerciais, artistas como Ariana que reaproveitam seus ganchos e streamers de música como Spotify e Apple.
A dupla fundou uma editora musical em 1943, mesmo ano em que escreveu “Oklahoma!”, para monetizar seu sucesso. Agora, quase 80 anos após primeira colaboração deles, o catálogo de canções vale US$ 350 milhões, o terceiro mais valioso do mundo – atrás apenas dos catálogos dos integrantes dos Beatles, John Lennon e Paul McCartney (US$ 500 milhões), e da lista de sucessos de Michael Jackson entre eles “Billie Jean” e “Smooth Criminal” (US$ 375 milhões).
Essa previsão está valendo a pena até hoje. O valor dos catálogos de música está em alta, graças a um grupo de investidores, incluindo Universal Music e Hipgnosis, que desembolsaram valores altos pelos direitos de músicas populares que geram um fluxo constante de pagamentos de streaming, filmes e campanhas de marketing. Eles encontraram um grupo de vendedores dispostos, à medida que os artistas buscam maneiras de preservar seus legados e lucrar, principalmente agora, antes de serem atingidos por quaisquer aumentos de impostos em potencial que possam ocorrer sob a nova administração de Joe Biden. Bob Dylan vendeu o trabalho de sua carreira toda por cerca de US$ 325 milhões em dezembro. Paul Simon vendeu o seu por US$ 250 milhões em março. Nesse meio tempo, Neil Young, Shakira e Ryan Tedder também venderam, elevando o valor dos catálogos populares a recordes.
Graças a um apelo atemporal e um robusto negócio de licenciamento de sua biblioteca de musicais, a lista de canções de Rodgers e Hammerstein vale mais do que todos aqueles que foram vendidos recentemente, bem como aqueles de artistas famosos como Elton John e seu parceiro de longa data Bernie Taupin, Taylor Swift, Bruce Springsteen, Stevie Wonder ou Billy Joel, que estão entre os 10 catálogos mais valiosos do mundo.
O legado dos maestros musicais ganhou um impulso com o hit de 2019 da Ariana Grande, mas fontes dizem que o catálogo provavelmente chega a uma média de mais de US$ 33 milhões por ano, superando os estimados US$ 14 milhões que as músicas do Bob Dylan.
Depois de trabalharem juntos por 17 anos, a parceria entre Rodgers e Hammerstein chegou ao fim com a morte de Hammerstein em 1960, mas Rodgers fez parte da indústria pelas duas décadas restantes de sua vida. Em uma história contada ao American Heritage em 1990, Rodgers revelou que uma vez recebeu um álbum de um grupo de corajosos estudantes do ensino médio que queriam compartilhar a performance em “Oklahoma!”, primeiro musical dele com Hammerstein. O compositor enviou uma nota superficial de elogio e votos de felicidade – mas nos bastidores, seu advogado emitiu uma ordem de cessão, ameaçando-os de ação legal se continuassem a distribuir a gravação.
Após o falecimento de Rodgers em 1979, o negócio permaneceu nas mãos das famílias deles e recebeu o nome de Organização Rodgers & Hammerstein, em 1990. A habilidade de se manter relevante atraiu compradores, e a família vendeu a companhia para a editora musical holandesa Imagem, por cerca de US$ 200 milhões em 2009. Oito anos depois, a editora musical independente e gravadora Concord supostamente pagou US$ 600 milhões por toda a Imagem.
E se não fosse pelas constantes mudanças nas leis de direitos autorais que determinam o valor de longo prazo do trabalho criativo, o catálogo de Rodgers e Hammerstein provavelmente valeria muito mais. De acordo com a legislação atual, obras criadas antes de 1978 têm 95 anos antes de entrarem no domínio público, o que significa que “A Noviça Rebelde”, que estreou em 1959, tem ainda três décadas restantes. Já musicais anteriores estão contra o relógio. “Carousel” expira em 2040; “O Rei e Eu”, em 2046. “Oklahoma!”, a primeira colaboração da dupla, tem apenas 18 anos restantes – o que significa que, em 2039, usar a canção “Oh, What a Beautiful Mornin” não custará um centavo.
Veja, na galeria a seguir, os cinco mais valiosos catálogos de publicação de música, de acordo com especialistas do setor.
Metodologia: as avaliações são estimativas da Forbes com base em conversas com especialistas da indústria musical. Os números de catálogos com vários escritores referem-se apenas às canções que eles criaram juntos, não à totalidade do trabalho de cada indivíduo, e refletem o valor total das ações do escritor e do editor, que nem todos os compositores possuem abertamente.