Há uma semana, a expectativa de crescimento da inflação era de 8,35%. No relatório desta semana, subiu para 8,45%. A projeção da Selic se manteve no mesmo patamar da semana anterior, em 8,25% para 2021 e 8,50% para 2022.
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Em geral, o mercado financeiro antecipa essas medidas na precificação dos ativos. Ainda assim, a divulgação de mudanças nas projeções sempre causa algum ruído.
Por mais que a gente saiba que acompanhar notícias não é uma conduta estratégica para quem investe pensando no longo prazo, vivemos em um país com histórico complicado em termos de previsibilidade. Isso acaba motivando reações mais imediatistas por parte dos investidores.
Além disso, a instabilidade política afasta o investidor estrangeiro, que, para se proteger, vende seus ativos no Brasil e transforma reais em dólares, que voltam para o exterior. A consequência direta é que a moeda norte-americana sobe e os preços disparam. Lei de oferta e demanda, simples assim.
Na economia, tudo está interligado. Sem estabilidade política que possibilite diálogo entre os Poderes e viabilize as reformas que são necessárias para propiciar um crescimento econômico sustentável e de longo prazo, subir a Selic acaba sendo o remédio amargo inevitável.
Do ponto de vista da economia real – aquela que impacta seu bolso na gôndola do supermercado, na bomba de combustíveis ou nas tarifas dos serviços púbicos –, com tudo o que o país vem passando desde o início da pandemia, e com quase 14 milhões de desempregados, o momento é bem ruim para a alta de juros.
O aumento desacelera a economia justamente quando ela precisa de estímulos para a retomada. Mas, com a inflação crescente, a Selic continuará sendo a solução disponível, pois o real problema do Brasil é de ordem fiscal e tributária.
Se tivéssemos uma política econômica menos pautada por interesses político-partidários e mais focada no crescimento da economia, provavelmente a Selic não precisaria ter chegado a patamares tão baixos como chegou nos últimos anos.
Isso está intimamente ligado à ausência de austeridade nos gastos públicos ao longo de sucessivos governos, e à baixa capacidade de articulação política para viabilizar as reformas necessárias.
Ao longo de 2019 e de 2020, a decisão do governo de baixar a Selic a níveis nunca antes vistos foi a medida encontrada para equilibrar as contas públicas.
Dessa forma, o remédio paliativo adotado para equilibrar as contas públicas agora traz seus efeitos colaterais, entre eles, a necessidade de subir novamente a Selic.
Como o aumento da Selic mexe na economia?
A inflação é o que mais pesa na decisão do Banco Central para aumentar a taxa Selic. Claro que o nível de atividade econômica e a taxa de desemprego influenciam, mas a inflação é critério decisivo.
Todos esses elementos tendem a continuar pressionando a inflação até o final do ano. Consequentemente, o cenário dos investimentos também passa por variações.
O que muda nos seus investimentos?
Esta pergunta é recorrente nas minhas redes sociais. Aqui, eu quero devolver a pergunta a você: o que mudou nos seus objetivos e na sua capacidade de aporte? Esta é a questão mais importante que você precisa responder.
Neste momento em que a renda fixa está oferecendo vários investimentos com taxas atrativas, para muita gente é tentador fugir da volatilidade da renda variável.
Mas, antes de aplicar naquele CDB que oferece mais de 10% ao ano, ou em algum título do tesouro, a pergunta que você precisa se fazer é: descontada a inflação e o imposto de renda, o rendimento líquido que eu vou receber vai me garantir o valor que eu busco no intervalo de tempo que o dinheiro ficará aplicado?
Se a resposta for sim, então não há nada de errado em ficar na renda fixa.
Minha orientação permanece fiel ao que ensino aos meus alunos: tenha um planejamento claro quanto aos seus objetivos de curto, médio e longo prazo. Coloque tudo no papel. Com isso, você sempre terá como aproveitar as melhores oportunidades em cada cenário.
Isso é importante, porque se você não tiver total clareza quanto ao rendimento que precisa, escolher onde aplicar o dinheiro torna-se uma loteria. E investimento, seja em renda fixa ou variável, não é um jogo, não é aposta. Investimento eficiente é a combinação de estudo e planejamento.
Eduardo Mira é formado em telecomunicações, com pós-graduação em pedagogia empresarial e MBA em gestão de investimento. É analista CNPI, certificado CPA10 e CPA20, ex-gerente do Banco do Brasil e da corretora Modal.
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