American Airlines aposta no Brasil com oferta de voos maior que a prevista antes da pandemia

18 de novembro de 2021
Divulgação

Alexandre Cavalcanti, diretor de vendas no Brasil, afirma que dólar alto não deve ter grande impacto nas viagens internacionais dos brasileiros

O fim das medidas de combate à Covid-19 em grande parte do mundo e a reabertura das fronteiras norte-americanas levaram a American Airlines a passar por um boom de vendas no Brasil e planejar uma oferta de voos maior do que a prevista no período pré-pandemia.

A procura por passagens ganhou impulso em meados de setembro, quando Washington anunciou que permitiria a entrada de turistas estrangeiros vacinados. “As nossas lojas, de um dia para o outro, tiveram um aumento de 140% nas transações. Em uma semana, o volume de ligações na central de atendimento cresceu 125%. O impacto foi imediato, mesmo sem saber naquele momento a data exata nem as regras [para entrada nos EUA]”, diz Alexandre Cavalcanti, diretor de vendas da companhia no Brasil.

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Em outubro, a American Airlines aumentou o número de voos semanais entre Brasil e EUA de 17 para 20 – operação do trecho São Paulo-Nova York passou de três vezes por semana para ser realizada diariamente. Em novembro, já são 27 frequências semanais, que serão ampliadas para 47 em janeiro e 54 em fevereiro.

Antes da crise do novo coronavírus, a companhia chegou a operar 52 voos semanais entre Brasil e Estados Unidos em épocas de pico, mas as cidades de origem e destino não eram as mesmas. Já havia planos de encerrar as operações dos trechos São Paulo-Los Angeles e Brasília-Miami, por exemplo, afirma Cavalcanti. “Na verdade, levando esse número em consideração, estamos melhor em termos de oferta do que estávamos no pré-pandemia, porque já íamos tirar essas rotas [e ficar com um número menor]”, explica ele.

A expectativa é que o restabelecimento do fluxo de passageiros leve o Brasil de volta ao posto de maior mercado estrangeiro da companhia aérea nas Américas, que atualmente é ocupado pelos países caribenhos. Vários deles não fecharam fronteiras no último ano e se tornaram destinos populares para norte-americanos de férias ou em home office.

O câmbio, porém, é fator que pode atrapalhar esses planos tanto da companhia quanto dos consumidores. A projeção dos economistas ouvidos pela pesquisa Focus desta semana é que o dólar encerre o ano a R$ 5,50, o que não exclui a possibilidade de forte volatilidade até lá. Cavalcanti, no entanto, acredita que o impacto da cotação deve ser limitado. “O brasileiro se ajusta. Contanto que o câmbio fique estável, o brasileiro se programa para viajar. Talvez o perfil de viagem mude”, diz ele.

A importância do mercado brasileiro para a American Airlines se reflete na estratégia da empresa, que está há 31 anos no país. Em setembro, a companhia investiu R$ 1,05 bilhão na compra de uma participação de 5,2% na Gol, garantindo um assento no conselho de administração e selando a parceria de codeshare (compartilhamento de voos). O aporte veio em boa hora para a aérea brasileira. No balanço do terceiro trimestre, a Gol relatou prejuízo de R$ 884,6 milhões e dívida líquida estimada em R$ 15,8 bilhões.