O dólar alternava altas e baixas na manhã de hoje (31), em sessão que promete ser volátil devido à formação da Ptax de fim de março, com a moeda norte-americana a caminho de registrar seu pior desempenho mensal contra o real desde outubro de 2018 e a maior queda trimestral desde o período de abril a junho de 2009.
A Ptax é uma taxa de câmbio calculada pelo Banco Central, que serve de referência para liquidação de derivativos, e, no fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la para níveis mais convenientes às suas posições.
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Especialistas alertavam nesta quinta-feira que a “briga” entre comprados e vendidos pode elevar a instabilidade no mercado, fazendo o dólar mudar de sinal várias vezes ao longo da sessão.
O BC tem divulgado as taxas de fechamento diárias da Ptax – normalmente compartilhadas por volta das 13h – com atraso nos últimos dias, com a publicação de vários dados sendo afetada por operação padrão de servidores do BC, que pedem reajuste salarial.
Às 10:16 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,38%, a R$ 4,7672 na venda. A divisa oscilou entre R$ 4,8141 na máxima (+0,60%) e R$ 4,7455 na mínima do dia (-0,84%).
Na B3, às 10:16 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,23%, a R$ 4,7610.
Colaborando para a volatilidade no dia estava uma agenda cheia de indicadores. Pela manhã, investidores receberam dados de desemprego domésticos melhores do que o esperado, enquanto, nos Estados Unidos, números mostraram alta nos pedidos de auxílio desemprego e salto anual de 6,4% do índice de inflação PCE, a maior taxa desde 1982.
Investidores têm acompanhado com cautela os dados de preços ao consumidor dos EUA, já que a pressão no bolso da população pode levar o banco central norte-americano a endurecer sua postura de política monetária. A maioria dos mercados já vê um ajuste de 0,5 ponto percentual nos juros –dose acima do normal– na reunião de maio do Federal Reserve como o cenário mais provável.
Apesar da indefinição desta manhã, o real “é o claro destaque positivo para o trimestre” entre as principais moedas do mundo, disse em postagem no Twitter Robin Brooks, economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês). “Isso se deve ao aumento dos preços das commodities, mas também a uma recuperação há muito atrasada ante uma grande subvalorização.”
Os custos do petróleo e produtos agrícolas dispararam desde o final de fevereiro, quando a Rússia invadiu a Ucrânia, em meio a temores de restrição da oferta. Nesse contexto, moedas de países exportadores, particularmente da América Latina, têm sido beneficiadas. Além do real, moedas como pesos chileno, colombiano e mexicano, sol peruano e rand sul-africano acumulam ganhos acentuados no ano.
Considerando a cotação de fechamento da véspera, de R$ 4,7855 na venda, dólar acumula queda de 7,19% em março, prestes a registrar seu pior desempenho mensal desde outubro de 2018 (-7,79%). No trimestre, sua desvalorização até agora é de 14,14%, o que configuraria a baixa mais intensa desde o período de abril a junho de 2009 (-15,81%).
Além das commodities, o patamar elevado da taxa Selic, atualmente em 11,75%, é apontado como fator responsável por essa desvalorização no acumulado do ano. Juros mais altos no Brasil tornam a moeda local mais interessante para investidores que buscam rendimento em ativos mais arriscados.