O presidente norte-americano, Joe Biden, reconheceu que a medida elevará os preços de combustíveis e de energia para os consumidores dos EUA. O país importou no ano passado mais de 20,4 milhões de barris de petróleo da Rússia, volume que representa cerca de 8% das importações totais de combustíveis líquidos.
Os principais índices de Nova York reagiram bem momentos após o anúncio da sanção contra a Rússia, impulsionados principalmente pelas ações de energia – o índice setorial do S&P 500 fechou em alta de 1,9%.
O Dow Jones registrou queda de 0,56% a 33.632 pontos; o S&P 500 recuou 0,72%, a 4.170 pontos; e o Nasdaq perdeu 0,28%, a 12.795 pontos.
O barril de petróleo Brent, principal referência da commodity no mercado internacional, subiu 4,46% e fechou o dia cotado a US$ 124,73.
No Brasil, as cada vez mais acaloradas discussões sobre subsídios aos preços dos combustíveis, que trazem risco de impacto fiscal significativo, também geram incertezas para as ações do setor petrolífero.
A Petrobras (PETR3 e PETR4), que despencou 7% ontem, registrou avanços de 1,61% e 2,08%.
“A sanção dos Estados Unidos ao petróleo russo significa um impacto na inflação e nas importações, mas também abre [a possibilidade de] petrolíferas no Brasil entrarem no mercado norte-americano”, diz Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos.
“Precisamos ficar atentos para como os EUA vão comprar petróleo agora, porque a Opep [Organização dos Países Exportadores de Petróleo] já sinalizou que pode suprir o gargalo deixado pela Rússia”, completa Costa.
Na mesma direção, Cielo (CIEL3) disparava 6,11%. A companhia de meios de pagamentos revelou pela manhã a nomeação de Filipe Oliveira como o novo diretor de finanças e de relações com investidores, o que animou o mercado.
Na ponta contrária, a Vale (VALE3) perdeu 4,39% em meio à queda do minério de ferro na China. A mineradora também informou ontem (7) que fortes chuvas levaram à suspensão temporária da circulação de trens em um trecho da ferrovia Carajás.
“Ontem, o lado doméstico da Bolsa foi bem, segurado pelas commodities, enquanto o Ibovespa recuava com a aversão ao risco. Hoje ocorreu o oposto, porque o índice segurou perdas domésticas acompanhando avanços das bolsas estrangeiras”, avalia Wagner Leon Varejão, sócio e especialista em investimentos da Valor Investimentos.
O mercado aparentemente começa a agora a dividir as atenções à guerra entre Rússia e Ucrânia com outros temas potencialmente desfavoráveis ao real.
A próxima reunião de política monetária nos Estados Unidos (que se encerra no próximo dia 16) deve trazer um aumento de juros. Reajustes do tipo aumentam os rendimentos dos títulos do tesouro norte-americano, considerados os papéis mais seguros do mundo, o que historicamente afasta investidores de mercados emergentes como o brasileiro.