Nesta segunda-feira (3), o Ibovespa teve uma queda de 0,37% a 101.506,18 pontos, totalizando o volume financeiro de R$ 21,6 bilhões. O mercado segue reagindo negativamente à divulgação da proposta do novo arcabouço fiscal. A ideia do governo é estabelecer uma trava para impedir que os gastos federais cresçam mais do que a arrecadação. Porém, a proposta também tem um limite mínimo para a evolução das despesas e metas flexíveis para o resultado primário.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a proposta deve ser encaminhada ao Congresso junto com as medidas de recuperação fiscal a serem anunciadas pelo governo nos próximos dias. Falando a jornalistas na portaria do ministério, Haddad disse que o arcabouço “certamente” estará no Congresso antes do dia 15 de abril.
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Segundo Apolo Duarte, especialista da AVG Capital, houve uma melhora de humor após a divulgação, mas “o mercado ainda está digerindo a questão fiscal. Existe a possibilidade de um incremento grande de dívida para os próximos anos e isso preocupa os investidores”.
Nesta segunda-feira (3), o Boletim Focus elevou em 0,03 ponto percentual a projeção do IPCA para este ano, a 5,96%, bem acima do teto da meta da inflação oficial, que é de 4,75% (3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos). A pesquisa mostrou que o mercado segue esperando uma Selic a 12,75% ao ano no fim de 2023 e em 10,00% no fim de 2024, sem alterações com relação aos levantamentos anteriores.
A estimativa de crescimento para o PIB (Produto Interno Bruto) em 2023 seguiu em 0,90%. A projeção para 2024, porém, subiu para 1,48% ante 1,40% na semana anterior. Após a divulgação da pesquisa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que não concorda com avaliações de que o PIB do Brasil deve crescer menos de 1% e disse que a economia do país crescerá mais do que o estimado por aqueles que classificou como pessimistas.
“Eu acho que a gente vai crescer mais do que os pessimistas estão prevendo. Vai acontecer mais coisas no Brasil do que as pessoas estão esperando que vai acontecer”, afirmou o presidente.
Destaques do dia
Liderando as altas, as ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) subiram, respectivamente, 4,76% a R$ 27,75 e 4,44% a R$ 24,49, sendo impulsionadas pelos preços do barril de petróleo no exterior, com o barril de Brent em alta de 6,5%, a US$ 85,08. A Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e seus aliados, incluindo a Rússia, anunciaram cortes extras na produção de cerca de 1,16 milhão de barris por dia (bpd) no domingo (2).
Em decorrência desse movimento, outras ações ligadas ao petróleo também se valorizaram, com a PRIO (PRIO3) avançando 3,88 % a R$ 32,40 e 3R Petroleum (RRRP3) subindo 1,56 % a R$ 29,77.
Na ponta negativa, os papéis da Lojas Renner (LREN3) e da Hapvida (HAPV3) cediam 7,00% a R$ 15,41 e 6,49% a R$ 2,45. Segundo Duarte, o setor de varejo vem sendo bastante penalizado, “especialmente as empresas que estão mais fragilizadas pelos juros altos e pela incerteza a respeito do arcabouço fiscal”.
No Exterior
Nos Estados Unidos, os índices de ações operaram mistos, com a alta dos preços do petróleo alimentando temores sobre mais aumentos na taxa de juros pelo Federal Reserve para conter a inflação, enquanto um salto nas ações de empresas de energia ajudava a conter as perdas.
Na Europa, os mercados acionários mostraram fraqueza, enquanto o índice britânico FTSE 100, pesado em commodities, avançou depois de nomes fortes do setor petrolífero terem saltado após anúncio inesperado da Opep de cortar a produção.
Na Ásia, incorporadoras imobiliárias e empresas de tecnologia impulsionaram as ações da China, enquanto o mercado de Hong Kong fechou praticamente estável, depois que cortes inesperados na produção da Arábia Saudita e outros produtores de petróleo da Opep aumentaram as preocupações com a inflação global.
(Com Reuters)