Esta semana, a Forbes conversou com Ellen sobre o seu novo livro – “Dream First, Details Later” (sem tradução para o português) – e entender como as viagens transformaram a sua vida e a colocaram no caminho do empreendedorismo.
Ellen Bennett: Antes de abrir a minha própria empresa, eu era cozinheira e chef pessoal, sem emprego fixo. Estava trabalhando em milhões de projetos e vivendo a vida, tentando obter o máximo de experiência humanamente possível. Eu sinto que isso criou uma vontade gigante de simplesmente aparecer e fazer coisas diferentes.
Mudei-me para a Cidade do México quando tinha 18 anos, sem nenhum familiar por perto. Ninguém que eu conhecia estava lá e isso fez com que eu me tornasse responsável pela minha própria vida. De repente, eu estava vivendo e aprendendo algo novo a cada dia. Eu não tinha uma rede de segurança na Cidade do México, então precisava continuar quando as coisas davam errado. Não havia espaço para sentar e refletir sobre as falhas.
Quando você está totalmente imerso em outro país – por quase quatro anos, no meu caso -, seu jeito de funcionar muda. Você sabe que, se consegue sobreviver a isso, é capaz de qualquer coisa.
F: Como uma chef movida por viajar o mundo, o quanto personalidades como Anthony Bourdain tiveram impacto sobre você?
EB: Acho que Anthony fez um ótimo trabalho mostrando às pessoas a verdade sobre o que acontece em uma cozinha, viajando pelo mundo e revelando a realidade. Mas pessoas como Rick Bayless me inspiraram ainda mais.
Eu realmente amo a maneira como ele mergulhou na cultura mexicana e latina. Ele era 1.000% estrangeiro em todos os aspectos e, ainda assim, chegou com imenso entusiasmo e realmente abraçou esse mundo. Às vezes, parecia que Rick estava comemorando mais do que as pessoas que estavam lá.
F: Como a percepção da comida mexicana mudou na última década?
EB: Tem sido radical. Quando eu morava na Cidade do México, lembro claramente de pessoas me dizendo que eu era louca. Perguntavam por que eu iria morar naquele local sozinha aos 18 anos, diziam que eu acabaria levando um tiro. Junto a isso, veio a percepção incorreta de que a comida mexicana era toda formada por burritos e enchiladas – pratos com alface romana e muito queijo por cima, como o Taco Bell.
Hoje, parece que as pessoas estão vendo que o México é realmente um lugar com toneladas de museus e arte vibrante. Mais e mais pessoas estão entusiasmadas com isso. Agora, o país está na capa da “Condé Nast Traveller” e até os chefs mudaram a forma de cozinhar.
Na Europa, você vê cada vez mais a culinária mexicana. René Redzepi, em Copenhagen, na Dinamarca, fez um pop-up – uma espécie de restaurante temporário, sem local fixo – inspirado em Tulum. Ele se apaixonou pelos sabores quando Rosio Sánchez, uma de suas cozinheiras, lhe apresentou alguns pratos. Com esse aumento da popularização, estamos começando a ver uma migração de verdadeiros chefs latinos e mexicanos saindo pelo mundo e levando seus sabores autênticos – em vez de simples inspirações – para os pratos. Precisávamos disso.
F: A maneira como você fala sobre viagens soa mais como uma mochileira do que como uma CEO que pode pagar por resorts com tudo incluído. Você acha que é importante viajar assim?
Quando viajo, quero estar em posições desconfortáveis que pressionem meus músculos mentais. Eu escalei o Monte Fuji sozinha e participei da Maratona de Nova York, por exemplo. Agora que tenho mais recursos, meu marido e eu ainda tentamos viajar assim. Recentemente, visitamos seis cidades em nove dias, da Tailândia à Índia, de Kyoto a Tóquio, tentando imergir totalmente na cultura, indo a mercados e feiras de flores e andando em scooters em vez de carros particulares.
F: Houve um momento no Monte Fuji em que as coisas ficaram difíceis e você precisou de força para seguir em frente?
EB: Sim, 100%. Uma parte dessa jornada selvagem aconteceu quando começou a chover extraordinariamente forte. Havia apenas um outro alpinista na trilha. Eu não o conhecia, mas nós basicamente tivemos que correr juntos para o sopé da montanha e dormir no chão de um banheiro porque era o único abrigo ao redor.
Subir o Monte Fuji é como andar em uma praia que também é uma montanha. Quando finalmente desci, naquele mesmo dia, minhas unhas saltaram porque estavam encharcadas e cobertas de areia.
F: Voltando ao seu livro, esse foi um dos momentos que inspirou a escolha do título?
EB: Eu não sabia tudo o que iria acontecer no México, no Monte Fuji ou até mesmo na maratona, mas todos esses momentos me preparam para novas etapas da minha vida. Se você sonhar muito, os detalhes virão depois. Mas, primeiro, você tem que dar partida no maldito carro e seguir em frente. Essa é a inspiração por trás disso. As pessoas me perguntam: ‘Como você faz isso?’. E eu digo: ‘Eu apenas começo’.
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