Mulheres em posição de liderança estão deixando seus empregos

21 de outubro de 2022

Para avançar rumo à igualdade de gênero, as empresas devem focar em colocar mais líderes mulheres e reter as que já possuem

Líderes mulheres estão exigindo mais do trabalho e trocando de emprego em um nível sem precedentes para alcançar o que buscam nas suas vidas e carreiras. E, para atingir a igualdade de gênero, as empresas precisam ir além do discurso, de acordo com o relatório Women in the Workplace da consultoria McKinsey em parceria com a Ong LeanIn.Org. Mais de 40 mil mulheres foram entrevistadas e o estudo traz informações de 333 organizações americanas.

Ele apresenta dois principais desafios para as mulheres no ambiente corporativo:

1. Mulheres são promovidas cada vez menos para o primeiro passo na liderança

Pelo oitavo ano consecutivo, as mulheres estão sendo menos promovidas em relação aos homens rumo ao primeiro passo como líderes – de cargos no nível de entrada para posições de gerência. Para cada 100 homens promovidos a gerentes, 87 mulheres têm esse mesmo crescimento e, no caso de mulheres não brancas, esse número cai para 82.

Como resultado disso, os homens são mais numerosos nos cargos de gerência e, consequentemente, sobem em maior número para posições superiores de liderança. Além disso, para cargos C-Level, há cada vez menos candidatas mulheres a serem promovidas.

Apesar de um progresso modesto, as mulheres ainda são sub-representadas na liderança. No caso de mulheres não brancas (que inclui mulheres negras, latinas, indígenas, ou birraciais, asiáticas e orientais), a liderança é ainda mais distante. Elas são apenas 5% dos executivos C-Level, em comparação a 61% dos homens brancos.

Uma em cada quatro pessoas em cargos C-Level são mulheres e uma em cada vinte são mulheres não brancas. Com um pequeno número de mulheres em posições de alta liderança, há menos mentoras e exemplos para futuras líderes.

2. As mulheres estão deixando suas posições de liderança

As mulheres têm demandado cada vez mais de seus trabalhos e, para conseguirem o que querem, têm deixado seus cargos. Mais especificamente, elas vêm deixando as posições de liderança cada vez mais por empregos que lhes ofereçam flexibilidade, reconhecimento, possibilidade de crescimento e diferentes culturas de trabalho

A cada mulher no nível de diretoria que é promovida a um cargo superior, duas diretoras estão deixando as empresas onde trabalham, aponta a pesquisa. A taxa de líderes mulheres saindo das companhias em que trabalham é a maior em anos, e a diferença entre as saídas femininas e masculinas foi a maior já vista no ano passado. 

O relatório também mostra que as empresas têm melhores resultados quando as expectativas das mulheres sobre o trabalho são atendidas. E a maioria delas prefere modelos de trabalho remoto e híbrido. Apenas 1 em cada 10 optam pelo trabalho 100% presencial.

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Entre as principais razões pelas quais as mulheres deixaram seus empregos nos últimos anos estão a falta de oportunidades para avançar na carreira, de apoio da gerência, flexibilidade e de compromisso da empresa com D&I (diversidade e inclusão) e bem-estar.

A importância da interseccionalidade

O preconceito também assume outras formas e muitas mulheres sofrem no trabalho por conta de sua raça, orientação sexual e deficiência. Nesses casos, a soma dessas discriminações pode impor ainda mais barreiras ao avanço profissional. 

O relatório mostra, por exemplo, que as mulheres não brancas recebem menos apoio que as brancas, apesar de serem mais ambiciosas: 41% delas querem ser altas executivas, em comparação com 27% das mulheres brancas. 

Mulheres negras e asiáticas são menos propensas a ter aliados fortes em suas equipes e latinas e asiáticas são mais frequentemente questionadas sobre suas origens. Ainda segundo o estudo, mulheres LGBTQ+ e mulheres com deficiência relatam ter sofrido mais microagressões no trabalho e ouvido mais comentários sobre suas aparências.

Ações para promover a equidade de gênero no ambiente corporativo

As empresas devem focar em colocar mais mulheres na liderança e reter as líderes que já possuem se quiserem avançar rumo à igualdade de gênero.

Para isso, o relatório lista as principais ações que as companhias devem assumir:

  • Benefícios para trabalhadoras: licenças pessoais para saúde mental, suporte em casos de aborto esportâneo, serviços para cuidar de crianças, entre outras propostas.
  • Programas de desenvolvimento de carreira: programas de suporte profissional focado em mulheres, iniciativas formais de desenvolvimento para mulheres não brancas e oportunidades para trabalhadoras praticarem e exercerem suas competências.
  • Treinamentos: capacitação de gerentes para abordar temas de diversidade, treinamento de líderes em como se comunicar de forma remota com sua equipe e instrução de líderes para terem certeza de que as promoções que decidem são justas e igualitárias.
  • De olho nos números: divulgação pública dos números de diversidade da empresa, estabelecimento de metas para preencher posições de liderança, etc.

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